Tudo estava tão bem até a pouco, e de maneira repentina, meu filho que costumava ser gentil, amoroso, e, gostava de seus brinquedos, parece que entrou num carrinho de montanha-russa. Estou abismada como as coisas estão!
Sua vida, de uns tempos para cá se assemelha a um parque de diversões, ora com muita euforia e adrenalina, ora com muito ressentido e com um humor de arrepiar. A rebeldia chegou e estacionou lá em casa.
Tenho reparado que seu corpo está mudando: a voz pode ir do mais grave ao mais estridente dos ruídos, as emoções sobem e descem num piscar de olhos, os braços estão tão longos e cada vez mais ele requer privacidade.
Acho que o rapazinho está entrando na adolescência. Uma oportunidade para relembrar da minha, e como eu reagia às pequenas broncas, à falta de energia em colaborar com as coisas da casa, e, à grande dúvida “pareço fora do ninho”!
Percebo que controlar as emoções e os sentimentos é uma função difícil para o adolescente. Ele pode passar horas na frente do espelho observando cada mudança em seu corpo. Os cabelos merecem atenção em destaque. Cada dia testa um gel diferente, um corte arrojado, a loção pós-banho, que antes era vista como superfula, agora tem destaque na prateleira do banheiro. Não é só isso, o garoto descobriu a real função do desodorante. Acho que alguém comentou sobre o “cê-cê” dele.
Emocionalmente ele está meio imprevisível. Um dia ele está estável e age com uma maturidade admirável, mas de uma hora para outra fica mal humorado, choroso, zangado, e, mais parece uma criança fazendo birra. Não consegue mais modular suas emoções e sentimentos.
Uns dizem que é por causa dos hormônios, outros dizem que o menino está crescendo e com isso vem o medo de virar gente grande, com responsabilidade, ter que fazer já as escolhas de longo prazo.
Não deve ser nada fácil!
O nobre rapazinho também esta susceptível a criticas e desgosta quando alguém faz comentários sobre sua altura, perfil corporal e projeções para o futuro.
Ele pode se sentir checado e sofrer com a pressão.
O nobre adolescente tem passado mais tempo com a turma e acho que na verdade estão tentando se enquadrar em diversos aspectos da vida, testar hipóteses do tipo “será que sou normal?”, “esse povo me aceita como eu sou?”, “será que eles me acham interessante?”
Ao fazer tantos testes de aceitação os adolescentes estão tentando romper com os laços infantis que os ligam aos pais, e, começam um novo processo rumo a diferenciação, uma viagem para desabrochar para a vida.
Não é incomum encontrar o jovem, ora, na “hibernação mental”, ora, nos infinitos questionamentos sobre a vida. Por que isso? Por que aquilo? Por que eu não posso? Por que ele pode? Por que fazer isso agora? Por quê? Por quê? Por quê?
Acho que tantos porquês servem para amortecer os sentimentos de perdas e medos, de testar o quanto podem ir além, e, se realmente existe um adulto para modularem sua liberdade com responsabilidade.