Antigamente os casais não se separavam, mesmo estando infelizes e sem nenhum resquício de amor e admiração. Com o tempo os parceiros foram se impondo, e, passaram a lutar pela felicidade conjugal ou pela separação.
Embora, trabalhe para unir os casais que me procuram, ou, para ajudar a separá-los sem ranços e desrespeito, tenho que admitir que em algumas ocasiões eu tenho falhado! Pior de tudo, eu não sou a única. Outros terapeutas relacionais se deparam com o mesmo problema, o de fracassar em salvar casais a beira de uma separação.
Usualmente tenho pedido aos cônjuges, que expliquem porque eles estão a ponto de desistirem do seu casamento e o que seria preciso para que eles se sentissem felizes novamente.
Para meu espanto as respostas foram mais simples do que eu imaginava. A grande maioria se casou por amor, por se sentirem atraídos um pelo outro, e, pelo desejo de construírem uma vida sólida juntos. Por outro lado, esses mesmos casais não sabiam pontuar em que momento um deixou de olhar para o outro, onde cada um estava quando deixou de sonhar o sonho do outro. Ambos não sabiam se identificar um com o outro, o encantamento havia sido roubado pela falta de etiqueta relacional.
Bem, se eles haviam buscado ajuda terapêutica, é porque, talvez, eles tivessem ainda alguma disposição ou combustível para recuperar a aliança matrimonial.
Tenho observado que a teoria pode ajudar muito na recuperação de casamentos, mas o que funciona mesmo é refletir em como ajudar os casais a reparar o nobre sentimento, o amor em sua total amplitude.
O grande dilema na terapia de casal é despertar nos parceiros o desejo de readquirir a confiança e o desejo de recomeçar diferente: sem carapaças, sem pré-conceitos, sem dispositivos disfuncionais e com desenvolvimento de habilidades e competências voltadas a reciprocidade e a flexibilidade.
O início da conversão amorosa pode estar na disponibilidade em abaixar as lanças que cada parceiro desenvolveu para se proteger das ofensas, das rejeições e do desrespeito provocado pelo outro.
Na verdade seria desistir das armas a favor da bandeira branca!
Na reconstrução do casamento, noto, que desistir do armamento bélico relacional (flechas, arames, metralhadoras e punhais) é a primeira tentativa para enxergarmos o outro, é a primeira atitude para nos aproximarmos de nosso parceiro sem medo de sermos destruídos e de destruir ao parceiro.
Em seguida, o pulo do gato é ouvir o outro estabelecendo um diálogo em conexão: entender o que promove sentimentos de amorosidade, carinho, felicidade e respeito. É uma maneira de deixar aflorar novamente o encantamento e o desejo de estar junto. É enamorar-se novamente pela mesma pessoa.
São medidas de reaproximação, que estimulam o bem-querer e a volta da reciprocidade. É uma atitude assertiva para desmontar o remorso e o rancor.
Recuperar um casamento não é uma tarefa fácil para nenhum profissional, porém, quando existe no casal a disposição para tentar novamente e de recuar e refletir, a missão do terapeuta torna-se algo tangível e visto como um grande empreendimento afetivo e enriquecedor.
A ignorância relacional é o que predispõe a dissolução de muitos casamentos. A ignorância não nos deixa ver e compreender o que nosso parceiro realmente precisa.
Deixo aqui um “Quiz” para ser preenchido pelos parceiros
Procure identificar os anseios mais profundos de seu parceiro (a). Coloque as 10 necessidades por ordem de sua concepção e depois compare com as necessidades de sua parceira (o) e procurem chegar a um acordo.
( ) admiração
( ) carinho
( ) conversa íntima e sincera
( ) apoio doméstico
( ) apoio financeiro
( ) honestidade e franqueza
( ) atração física
( ) companheirismo
( ) satisfação sexual
( ) outras: _______________