Como enxergar o mundo quando não se é mais criança e muito menos adulto?
Como se olhar no espelho, se despedir do corpo infantil, e visualizar um corpo em mudanças? Diga-se de passagem, mudanças rápidas no sentido físico e emocional da palavra.
A partir de quando a criança deixa de ser apenas uma criança para entrar no mundo turbulento da adolescência? Segundo o Estatuto da Criança e adolescência isso ocorre na faixa que compreende os 12 e 18 anos de idade (o estatuto não leva em conta os adolescentes tardios). É um período de insatisfações, rebeldia, risos alternados com choro, de grande expressão de amor e romantismo, que ronda essa fase (a moda deles).
É um momento onde o corpo grita as transformações e as mudanças. A voz muda de tonalidade, os pelos se tornam mais evidentes em áreas específicas de gênero, as extremidades se alongam, a ejaculação aparece nos meninos e a menstruação nas meninas. As mamas se pronunciam, os quadris ganham volume e movimento, a lá Oscar Niemayer, e, em ambos os sexos o humor oscila tal qual às estações do ano no Brasil.
As mudanças não param por ai, a agressividade aparece como mecanismo de defesa e de enfrentamento de novas situações. A felicidade e a tristeza andam lado a lado. Apreciam andar em grupo e apresentam grande necessidade em ser aceitos por ele.
Ainda são muito imaturos, e, por isso experienciam sentimentos contraditórios: muito amor e carinho e ao mesmo tempo impulsividade, indecisão, e, grande desejo de fazer algo grandioso pelo mundo (mesmo que depois de uma grande ideia lhes batam sono, preguiça e uma vontade imensa de refletir sobre o tudo e o nada).
Preferem ficar horas no quarto divagando, avaliando erros e acertos e procurando respostas sem o auxílio de um adulto. Tudo é muito rápido na adolescência e as emoções são muito contraditórias. Hoje ele é a pessoa que eu mais amo e quero ficar. Amanhã pode ser que tudo mude. Tudo isso acontece para o adolescente ir fixando suas escolhas com mais competência e estabilidade.
Experimentar é a palavra de ordem do adolescente! Experimentar a descarga de adrenalina (correr riscos); fazer pequenas transgressões; descobrir os próprios limites, assumir decisões, que nem sempre parecem muito coerentes aos olhos do adulto.
Adulto, por falar nele, os adolescentes tendem a se afastar da “voz da experiência”. Os pais são vistos como castradores, retrógrados, e, pouco antenados. Na verdade o adolescente age dessa maneira para buscar suas potencialidades, descobrir sua personalidade e estabelecer suas próprias metas. O jovem percebe que está no meio do caminho, não é mais criança e não tem a autonomia dos adultos – se descobre uma célula em processo mitótico!
Ousam na petulância, mas exigem respeito e renegam o paternalismo. Descobrir o mundo é a grande missão. Embora, queiram e precisam de experiências novas, eles não se atentam que ainda precisam muito dos valores do mundo adulto. Por isso, muitas vezes, se esquecem, que os pais existem. Esquecem de avisar onde estão, esquecem de ligar quando chegam em determinado lugar, deixam a mãe esperando no carro enquanto conversam com os colegas e etc.
O humor é tão lábil como as formas de um caleidoscópio. E sabe de quem é a culpa? Dizem os pesquisadores que é por causa da tempestade hormonal. O futuro adulto está sendo lapidado simultaneamente pela biologia humana, pelos valores culturais de uma sociedade, pela maturidade emocional e mental, pelos comportamentos do grupo onde ele está inserido, e, pelas competências e habilidades que ele está desenvolvendo perante o mundo.
Como ajudar o adolescente a viver melhor com suas mudanças repentinas?
Queimar energia é uma maneira de reduzir a oscilação de humor, organizar e dinamizar o tempo para estimular a auto-responsabilidade, colocar não e limites na hora certa, valorizar as opiniões e boas atitudes, estimular o desenvolvimento do auto-controle e da empatia, viver com equilíbrio e sabedoria.
Parece simples, não? Pode até ser, desde que exista a presença constante de pais amorosos e claros em suas decisões e exigências.