É muito comum atender um casal, e, de imediato surgir a pergunta: “será que nesse mundo existe um par perfeito?” Do tipo: tampa e panela; metade da laranja; unha e carne; almas gêmeas, etc?
Bem, eu gostaria até de dizer que sim, e, que vale a pena procurar, que essas pessoas estão em algum lugar do universo e que não seriam uma mutação.
Se existe eu não tive a oportunidade de conhecê-los, e, muito menos foram ensaios de pesquisa, ou, publicados como matéria de livros, demonstrando o que poderia ser feito para se estabelecer enquanto casais perfeitamente ajustados.
Conforme iniciei o texto, a simetria relacional não é precisa. Veja só:
Uma metade ficará maior que a outra fatalmente, mesmo que tenha havido muito boa vontade em parti-las, afinal quem as cortou foi um humano. A tampa costuma se ajustar a panela à medida que ela é ligeiramente menor. No caso da unha e da carne, a unha costuma avançar a carne com o tempo e assim por diante.
Por outro lado, é mais factível trabalhar com habilidades e potencialidades relacionais e procurar, dentro do convívio a dois, acentuá-las. Algumas variáveis são determinantes para assegurar um casamento duradouro, e, entre elas podemos citar: a compatibilidade emocional, o saber aceitar as diferenças, o fazer concessões, a afinidade sexual, a resiliência relacional, e, as vantagens que cada parceiro enxerga em estar casado. Se essas variáveis forem atingidas ou pelo menos grande parte delas, o grau de satisfação com o matrimônio será muito bom.
Com isso não afirmo que habilidades não possam ser desenvolvidas ou cultivadas ao longo do casamento, porém, algumas coisas são mais difíceis de serem modificadas, assim como o caráter e o “jeitão” de cada pessoa.
Tenho observado, tanto na prática como na teoria, que a “disposição em ficar junto” é mais importante do que a deficiência afetiva em uma determinada área da relação a dois.
Assim sendo, o que move um casal a se dispor a ficarem juntos pode permear desde o amor, a vontade de assegurar uma família, a impossibilidade de dividir os bens, a amizade que os une, a presença dos filhos, o companheirismo, etc. Independente do motivo em questão, a matriz matrimonial, em nenhum momento, pode perder de vista o respeito e a dignidade que um parceiro sente pelo outro.
Quanto se existe ou não o par perfeito, penso que mais do que buscar a perfeição relacional é melhor trabalhar na busca de ajustes e adaptações no cotidiano da vida em comum. É mais verdadeiro e intrigante!