Temos o impulso de cobrar atitudes e comportamentos de nossos filhos, as quais nem sempre somos capazes de cumpri-las e dar o devido exemplo. Não acredito que todas as mães ou pais são sempre solícitos com as pessoas a sua volta, pois, tem dias que a pressa e os problemas do cotidiano cegam nossos olhos e nossa alma.
Imagine uma mãe assoberbada com as tarefas do lar, com os compromissos de trabalho ou com os estudos, descobre numa manhã conturbada, que o aquecedor do chuveiro quebrou e que o serviço de manutenção só poderá vir em dois dias.
Tenho certeza, que qualquer mãe ficaria aborrecida e em pensamento diria: meu Deus que caos, teremos que tomar banho de canequinha ou na casa de algum amigo ou parente. Provavelmente iremos ficar muito descontentes e poderemos até soltar um “palavrãozinho”, mesmo que em pensamento, não é?.
Como é possível notar, nós, assim como as nossas crianças também nos destemperamos em algumas circunstâncias. Mesmo nos intitulando adultos e maduros. Emocionalmente, nem sempre nos comportamos como verdadeiras “ladies ou lordes”. Temos uma tendência em “deslizar na maionese”, não é?
Temos sentimentos e emoções de descontentamento em enumeras circunstâncias da vida, e, nossa reação não exclui a raiva, a impaciência, a intolerância e até uma crise de birra semelhante à de nossos filhos.
Tenho observado, em atendimentos com famílias, que muitas vezes a raiz dos destemperos infantis está na inabilidade das crianças em manter o autocontrole. Calma, não estou afirmando que as crianças devem nascer prontas no quesito “controle emocional”, porém, as crianças não estão sendo amparadas por seus pais para desenvolver o tal controle.
Por vezes, uma criança é mal comportada ou mal educada por ser imatura para lidar com as situações que a família ou o ambiente está lhe impondo. Muitas crianças demonstram alguns comportamentos que não toleramos, e, alguns deles estão relacionados à própria imaturidade da criança. Por imaturidade emocional me refiro à dificuldade que os pequenos podem ter para administrar suas emoções mais difíceis, e, no topo delas está a raiva, a ira, a frustração e por que não a vergonha.
Algumas crianças quando entram em contato com essas emoções ficam tomadas por atitudes e comportamentos de desespero, e, reagem a elas chorando, gritando, agredindo, provocando quem está ao seu redor. Elas podem ficar teimosas e arredias.
Precisamos nos atentar que todas as crianças não nascem prontas para a vida. Elas precisam de tempo para amadurecer. Assim como os frutos precisam de um solo nutridor, boa quantidade de água e luz, as crianças também precisam de um ambiente que favoreça seu amadurecimento, e, esse ambiente se chama Lar.
Mesmo as crianças mais “boazinhas”, tidas como calmas, de bom temperamento, também não nascem prontas para a vida. Elas precisam de uma boa “incubadora” de pais.
Quando atentamos para o fato de que as crianças não nascem já formadas para o mundo, acho que nos permitimos desconstruir paradigmas, crenças e tabus de que elas não precisam de atenção constante para moldar sua autoestima e sua inteligência emocional.