Parece conversa de doido. Hoje em dia tudo ocasiona estresse. Querem ver só? Estresse alimentar, estresse oxidativo, estresse generalizado, estresse pós-trauma, estresse pós-cirúrgico, etc.
Estou apenas tentando descontrair frente a uma “conversa” tão séria – realmente o TEPTPP existe e causa muito sofrimento.
Grande parte das mulheres, quando estão gestando, planejam e idealizam o momento do parto. Essa idealização faz parte do enredo que lentamente a mãe vai construindo para seu filhinho e para introduzi-lo no seio da nova família.
A gestante fica ansiosa, eufórica, cria muitas expectativas e sonha com um dos dias mais felizes de sua vida. Nem tudo são flores. Algumas mulheres mesclam coragem e medo da hora do parto, pois, no fundo sabem que esse momento as marcará para o resto de suas vidas.
Infelizmente, para algumas mulheres, a vivência do parto é sentida e vivida como aterrorizante, sufocante e difícil de ser esquecida – é nesse momento que o TEPTPP pode se instalar.
Se pesquisarmos na literatura científica sobre esse assunto, o material clínico ainda é incipiente e pouco divulgado. Por isso resolvi escrever sobre este tema. Quero despertar no leitor a importância desse assunto.
A mulher que evolui para o TEPTPP apresenta alguns sintomas bem marcantes: sentem-se fracassadas e ao mesmo tempo se culpam, por não cumprir um papel semelhante as outras mães – não encaram o parto como algo “glorioso”; apresentam sentimentos de raiva, ansiedade, depressão e forte sensação de terem sido injustiçadas.
Não é infrequente elas sofrerem de perda de controle do humor, reviverem cenas ou sonhos de um parto traumático e demonstrarem sensação de desligamento, ou seja, se distanciam de tudo e de todos.
Insistem usualmente em falar ou reviver questões relacionadas ao que aconteceu durante o parto e sua experiência frustrante e traumática.
Não obstante, se afastam do bebê, não por que não o ame, mas por tudo que ele representou durante o parto. O afastamento do bebê se agrega ao afastamento familiar e referem nítida sensação de serem incompreendidas por eles.
Abrem mão do convívio mais íntimo com o parceiro, temendo nova gestação.
Nota-se importante dificuldade em procurar ajuda, tendo em vista, que se sentem pouco acolhidas e amparadas. Costumam ouvir dos profissionais de saúde “o que importa é que tudo evoluiu satisfatoriamente, e, o seu filho está bem.
Com sintomatologia exuberante, o TEPTPP pode sofrer a influência de alguns fatores e entre eles destacamos: sentir-se emocionalmente e/ou fisicamente ameaçada ou a seu filho; sentir-se insegura, não ouvida e acolhida pela família, amigos e equipe de saúde; sentir-se desqualificada em seus sentimentos e opiniões; sofrer procedimentos obstétricos dos quais não esperava ou não concordava (toques, episiotomia, ruptura provocada da bolsa de águas, etc.).
Por outro lado, sabemos que a mulher pode ter experiências muito satisfatórias em seu parto, e, as mais citadas são: ambiente seguro, confortável e acolhedor; presença do companheiro ou de um acompanhante que lhe transmita segurança e apoio durante o trabalho de parto ou enquanto aguarda o parto cirúrgico; a percepção de que está sendo ouvida e compreendida pelos seus pares e pela equipe de saúde; ter acesso a informações sobre o desenrolar de seu parto; manter-se ativa e escolher as posições que facilitam o pré-parto; participar das decisões que acomete a sua pessoa e o seu bebê.
Lembrar que cada mulher-parturiente é única, e, cada experiência de parto é exclusiva e intransferível, e, a lembrança será para sempre.
Prevenir ou mesmo tratar a mulher vítima de estresse pós-traumático pós-parto é saúde mental da mulher e de seu bebê