Parece receita afirmar que existem “4 maneiras para ajudar crianças a lidarem com a ansiedade”.
Crianças que de alguma maneira sofrem com a imprevisibilidade.
Quem está acostumado a ler meus artigos sabe que eu não sou adepta a “receita de bolo”, do tipo 3, 4, 5 passos para ter filhos felizes ou coisas do gênero. Gosto mesmo é de textos fluentes e que despertem a reflexão do leitor.
Todavia, nesses últimos tempos tenho recebido alguns e-mails solicitando conselhos para mães de crianças ansiosas.
Pensei muito antes de escrever esse texto. Não queria algo que se assemelhasse a dicas ou “fast message” – “fast tips”.
Algumas crianças só de pensar em iniciar o ano letivo se sentem ansiosas e acabam cobrando de si mesmas atitudes prematuras e graus elevados de perfeccionismo ou criticismo,
Nem todos os pais conseguem transmitir aos seus filhos que eles são bons da maneira como eles são. Que todos nós somos imperfeitos.
Observar nossas crianças ansiosas é como lidar com um inimigo oculto, mas que sabemos de ante mão que sua forma pode ser monstruosa. Acredito que para as crianças a ansiedade é muito parecida com isso.
A ansiedade não decorre, em particular, da escola, mas sim do contexto que envolve a escola; tarefas desmedidas, agenda intra e extra escolar, separação do cuidador imediato, perda temporária do espaço conhecido, ausência de atividades ao ar livre e conexão com a natureza, entre outras.
Assim como os adultos, as crianças também precisam aprender a administrar graus variados de ansiedade e a partir desse aprendizado, aprimorar suas habilidades e potencialidades emocionais – isso é desenvolvimento de saúde mental!
Vamos pensar em algumas estratégias para ajudar nossas crianças:
1- Não minimize o medo ou o desconsidere
Percebo que nenhum pai ou cuidador saudável deseja ver seu filho com medo, estressado ou ansioso por estar iniciando uma determinada atividade. No entanto, no desejo de neutralizar os medos infantis, os adultos costumam falar frases do tipo: ” Vá em frente, não há nada para você se preocupar”; “Não faça um cavalo de batalha – isso não é nada – você vai tirar de letra”; “Pare de se preocupar, tudo vai dar certo”.
Infelizmente, esse tipo de fala raramente tranquiliza ou acolhe a criança. Esse tipo de frase não valida o sentimento e as emoções das crianças.
Pense em você, enquanto adulto, prestes a fechar um acordo. Você não se sente ansioso? Adianta alguém lhe falar que “tudo vai dar certo”? na verdade, você gostaria de que alguém se solidarizasse com seus temores e dissesse que entende sua angustia.
O melhor a fazer na ansiedade infantil é dizer que a entende, que você já passou por momentos semelhantes e que é normal sentirmos frio na barriga, vontade de recuar ou algo parecido.
Permita que seu filho diga o que sente, o que ele está pensando e procure maneiras de acolhe-lo: beijar, abraçar, olhar nos olhos e etc. O mais importante de tudo é dar um bom suporte para os pequenos.
2- Seja proativo no ensino de habilidades sócio emocionais
Preocupações sempre vão existir – elas fazem parte da vida de qualquer ser humano. Com os estudos de neurociências, hoje temos a comprovação de que algumas técnicas comportamentais ajudam a reduzir a ansiedade e a lidar melhor com as preocupações.
Algumas técnicas são bem simples e eficazes e as crianças apreciam muito. Se você perceber que seu filho está ansioso ou angustiado frente a um desafio, ajude-o a acalmar a mente, promovendo a leitura de um livrinho, cantando uma música que ele aprecie e que você sabe de cor, pratique a respiração diafragmática (respiração lenta e profunda por 10 vezes), aromaterapia, exercícios ao ar livre, outras.
As crianças precisam que seus sentimentos sejam referendados pelos adultos e não ignorados.
Caso você perceba que as técnicas mencionadas acima não estão ajudando, talvez, esteja na hora de procurar ajuda especializada.
3- Fique de olho em “quando tudo começa” – “triggers”
Muitos pais comentam comigo que a ansiedade em seus filhos se manifesta no início das aulas, em época de testes, em apresentações em público, em visitas medicas, na ida a festinhas dos colegas e outros. Como pais, temos a tendência em minimizar ou apagar as dificuldades de nossos filhos e contemporizar as (dis)habilidades; negando que elas existem ou facilitando as coisas para os pequenos.
Claro que esse tipo de solução é irreal e pouco produtiva para as crianças. É como se estivéssemos ensinando aos nossos filhos que tudo pode ser resolvido de maneira mágica.
Melhor do que evitar uma barreira é sobrepô-la!
A saída mais resoluta é ajudar nossos filhos a sobrepor as barreiras e comemorar junto `as crianças as vitórias alcançadas e aquelas que não puderam, por algum motivo ser suplantadas, devemos revê-las, reconsidera-las e trabalha-las para em data oportuna elas serem superadas. É assim que ensinamos habilidades sócio emocionais as crianças.
4- Comece com pequenas metas
Não queira que seu filho supere tudo de uma vez só! Tenha calma.
Comece com metas pequenas – comece pelas mais fáceis e depois vá dando linha para a criança, mas sempre observando seu pequeno como um todo.
Quer um exemplo?
Se o que está causando ansiedade em seu filho recém “matriculado na escolinha” é dar conta das tarefinhas de casa, comece ajudando-o a separar o material no local de estudo (lápis de cor, folha em brando, cartolina, tesourinha, fios, cola, etc.). Mostre para a criança o que a professora quer que ele faça, com paciência, e ofereça ajuda caso ele solicite. Confira a tarefa e parabenize-o pelo que ele conseguiu fazer.
Alguns estudos referem que “homework” é contra producente. Contudo, ainda é rotina em muitas escolinhas.
Não exija perfeição e cuidado com seu criticismo!