Ser uma criança desafiadora, impulsiva, questionadora e que gosta de impor suas vontades não são características para enquadrar os pequenos num quadro patológico.
Quando muito inferir que estamos tratando de crianças mal educadas ou sem limites.
Todavia existe um número de crianças que saem desse quadro e avançam para algo mais exuberante – extremamente desafiadoras, opositivas, discutem e brigam por tudo, não assumem erros ou falhas, não se guiam pela lógica e a agressividade, a irritabilidade, o descumprimento de ordens e regras, bem como o sentimento constante de vingança são sintomas usuais nessas crianças.
Por serem crianças “temperamentais” praticam e sofrem discriminação dos colegas e até mesmo de adultos. Não sustentam as amizades e são de difícil convivência tanto no âmbito familiar, como social e escolar. Por ser um transtorno, não podemos falar em cura, mas sim em manejo. Quanto mais rápido a criança e a família buscarem tratamento melhor será a adequação.
Qual a origem do TOD?
O transtorno desafiador de oposição pode ser influenciado por fatores genéticos e ambientais.
Por ser uma criança difícil de conviver, a família tende a entrar num circulo vicioso e a moeda de troca passa a ser a animosidade e a agressividade. Por isso, maneiras assertivas devem ser priorizadas com a criança e com a família.
Estratégia de manejo com a Criança
– Ambiente saudável: os pais procuram entender junto a criança que situações disparam a ativação emocional desmedida que levam aos comportamentos de oposição e desafio. Os bons comportamentos devem ser reforçados com expressão de carinho, afeto e proximidade. Limites e disciplina ajudam a modular o comportamento dessas crianças.
– Lembrar que uma criança que se desenvolve em um ambiente hostil, com pais negligentes tende a responder ao mundo com hostilidade. Evite salientar somente os defeitos da criança e incentive o que ela faz de melhor.
– Aproveite alguns momentos do dia para estimular seu filho a compreender conceitos relacionados a ética, hierarquia, companheirismo, regras, cooperação. Esses conceitos podem ser passados por meio de atividades lúdicas (jogos, brincadeiras) e esportes.
– Ensine seu filho a reagir de maneira adequada frente a uma situação limite. Voce pode dramatizar em casa, brincar com fantoches ou bonecos e ensaiar uma possível desavença entre coleguinhas orientando-o a respirar fundo, contar até 10, pedir para ficar um tempo sozinho ou solicitar a presença de um adulto quando não souber o que fazer.
Estratégia de manejo com a Família
– Tente falar com seu filho de forma calma, clara e diretiva – evite frases longas.
– Não perca o contato visual e se mantenha assertiva.
– Quando fizer alguma pergunta ao seu filho, fique atenta a resposta, olhando nos olhos dele e procure se manter no presente, enfocando a resolução de problemas.
– Evite reações raivosas – respire fundo e explique o por quê.
– Não traga o passado. Use o presente e o futuro como metas.
– Evite reações raivosas diante de situações conflitantes. Relate de maneira firme o que ocorreu ao seu filho e explique por que aquilo não deve acontecer novamente e enfatize que ele precisa mudar.
– Não culpe seu filho por tudo e não entre na “neura” da culpa. Reconheça o que você está sentindo e tire um tempo para relaxar. Nem que sejam dez minutinhos.
– Seja firme e consistente – não aceite chantagem ou jogo sentimental. O que é certo é certo e as regras devem estar abertamente na mesa.
– Crie um display de comportamento e uma consequência para cada regra descumprida – isso ajuda seu filho a visualizar e entender as próprias falhas. Não esqueça de recompensá-lo pelas boas atitudes: fazer seu prato favorito, tirar um dia para ir ao parque, dormir mais tarde no sábado, ler uma boa história, etc. Nada de coisas materiais.
– Evite delongas! Coisas que não são negociáveis merece uma resposta do tipo: “não é não”; “isso não é negociável”; “a conversa acabou”.
– Procure identificar que situações familiares ou ambientais que deixam seu filho mais irritado e observe o que pode ser mudado, ajustado ou melhorado.
– Ajude seu filho a entender o que ele está sentindo. Muitas vezes você precisará traduzir: “ok, eu entendo que você está sentindo: raiva – tristeza, frustração, etc”. Aproveite para ensiná-lo a entender as emoções alheias. Para tanto, use figuras, livrinhos, bonecos ou o próprio desenho da criança.
– Explique a sua criança que respeito e limite existem para os dois lados e por isso devem ser respeitados: não bater, não ser agressivo, etc.
A terapia familiar pode ajudar toda a família a interagir positivamente com a criança com TOD e dar voz aos anseios de todos os envolvidos.