Quem diria, uma terapeuta enfatizando o famoso “um tapinha não doi”!
Calma, estou apenas introduzindo um tema que já comentei em outros artigos passado. Resolvi voltar ao assunto, tendo em vista os vários emails que recebi via Jornal Atibaia Hoje de mães querendo saber mais sobre o assunto.
É incrível que nos dias atuais ainda temos que parar para falar sobre as famosas palmadas e “acessórios”: puxão de orelha, tapa na cabeça, beliscões, empurrões, safanões, chacoalhadas, entre outros tão danosos a criança.
A meu ver a palmada ou “acessórios” só tem uma coisa positiva, se é que podemos dizer isso – ela funciona de imediato, pois assusta e assombra a criança! A criança paralisa por medo e não porque ela entende que uma regra foi quebrada. A palmada funciona a curto prazo, pois bater numa criança não garante que ela sesse um determinado comportamento ou atitude. Pelo contrário, em outro momento o pequeno volta a fazer “arte”.
Pesquisadores do desenvolvimento infantil têm observado que pais onde em seus lares a palmada não foi utilizada como ferramenta de educação, os mesmos não costumam usar o castigo físico para corrigirem comportamentos inadequados das crianças e enfatizam o diálogo como moeda de troca. Empatia gera empatia – violência gera violência, ou você acredita o contrário?
Alguns pais comentam que não toleram ver briga entre irmãos. Caso o mais velho agrida o pequeno, pai ou mãe correm para apartar a briga punindo o mais velho. A mensagem que fica para ambas as crianças não é a importância do entendimento e da flexibilidade, mas sim o famoso “eu bato em você por que sou maior, mais velho e mais forte”. É o efeito dominó: o maior bate no menor (pai – mãe – filho maior – filho menor). Atitude como essa não disponibiliza as crianças ferramentas construtivas de assertividade, firmeza e respeito, e, sim como os maiores podem dominar os menores.
Outro dia ouvi de uma mãe que ela amava muito seu filho, mas que ele a deixava louca e por isso sua única saída era der-lhe uns safanões para frear seu comportamento intolerável. Se formos analisar a atitude referida pela mãe, observaremos que não é a criança que endoidece seus pais, na realidade são os pais que não aprenderam a administrar seus afetos, suas frustrações e o grau de raiva. Não estabeleceram precocemente limites, regras e o quanto de tolerância podem flexibilizar num determinado comportamento ou situação. Num momento são pais permissivos demais, em outro, são repressores e intolerantes demais.
Certos pais acreditam que o sofrimento ajuda a educar. Aceitam determinadas crenças como verdadeiras e inquestionáveis. Vamos ver algumas:
– Quem manda aqui sou eu (pais)
– A criança tem de ser sempre obediente
– A criança deve entender que ela não pode tudo
– Criança que não obedece apanha
Na verdade o que os pais deveriam passar como mensagem para seus filhos é a de eles podem contar com um adulto responsável por perto para ajudá-los a modular suas emoções, pois entendem que eles ainda são imaturos para demonstrar comportamentos e atitudes sempre corretas e seguras; que eles podem ser ouvidos e terem a oportunidade de expressarem seus sentimentos com respeito e que seus pais lhes transmite limites claros, segurança física e emocional.
A criança acostumada ao castigo físico e psicológico tende a se afastar dos pais, a mentir, ocultar ou omitir um comportamento ou atitude não aprovada e se a fechar para o mundo. Desenvolve uma baixa autoestima, agride ou permite ser agredida como resposta a submissão afetiva.
As crianças vulneráveis aos castigos físicos, apresentam áreas do cérebro em constante estado de alerta, liberando mais cortisol, adrenalina e retroalimentando o estresse. Conclusão, poderão se tornar crianças com “Tolerância Zero”!
O ideal não é usar a força física para corrigir um comportamento inadequado da criança, mas sim a força emocional. Não adianta usar chavões do tipo: “Desculpe meu filho, dói mais em mim do que em você esse tapa!”; “Voce apanhou por que mereceu”; “Vou te bater por que você está pedindo”.
Mudar paradigmas é um processo que demanda tempo e reflexão. Todavia, pense que tipo de cidadão você gostaria de ver crescer ao seu lado.
A conclusão é sua!