Nestes últimos tempos, temos falado muito sobre recuperação do casamento, da descoberta de novos caminhos para o casal permanecer juntos com boa qualidade relacional.
Entretanto, mesmo com muito investimento, certos casais chegam à conclusão de que não é mais possível ficar juntos.
E agora, fazer o que?
Creio que grande parte de meus colegas, terapeutas de casais, quando se deparam com esse momento, sentem uma enorme frustração, pois, junto com o casal também fazemos um investimento para que a relação conjugal prospere.
Muitos parceiros descobrem, que nem a terapia, nem o investimento afetivo consegue neutralizar o rancor, a raiva e o ódio, advindo da traição ou das numerosas traições, e, a decisão mais acertada, no momento, é interromper a caminhada, aceitar que a separação é a mais honesta e sensata atitude a ser tomada.
Aceitar o “acabou” é duro, triste, frustrante, mas é inevitável, e, cada um, agora, vai seguir sua carreira solo.
Por que será que os casamentos acabam, mesmo com tanto desejo de recuperá-lo, de fazer diferente, de tentar novamente sob outro prisma?
Tenho observado que para as coisas darem certo, os parceiros precisam estar a fim de resgatar o compromisso amoroso e de ficarem unidos. Todavia, quando a relação acaba, percebo que um dos parceiros não estava mais disposto em investir na união, cansou de assumir sua parte na responsabilidade de nutrir o casamento, ou até mesmo, que um dos parceiros sofra de uma patologia emocional, que repercuta profundamente em seu companheiro.
Outro dia, atendi um casal, onde o parceiro dizia, que se sentia rejeitado por seu cônjuge, que por mais que eles estivessem praticando o que aprendiam na terapia, o parceiro não cedia em quase nada, se colocava como o centro da relação, que não via mais esperança na solidificação desse novo recomeço.
A parceira referiu que se sentia muito triste, que para continuar num casamento solitário preferia morrer. Seu esposo disse que ela era poliqueixosa, que cada hora ela tinha um problema de saúde. Disse ainda, que as pessoas fracas se melindram com tudo.
No parágrafo acima, é fácil perceber, que essa mulher está atravessando uma fase de intensa tristeza, por falta de empatia do marido, que não adiantava teimar em manter a terapia, quando somente um parceiro queria investir na relação. É um caso claro de um homem, que não aceita se desconstruir para enxergar sua parceira, e, entender onde mais erraram, e, o que precisam fazer para trilharem um caminho juntos, com novas perspectivas funcionais.
Por outro lado, existem casais onde “jogar a toalha matrimonial” não é tão clara. É comum um parceiro em terapia falar, que seu parceiro lhe propôs o divorcio, e que ele nem havia percebido, até então, que eram infelizes.
Percebo logo de saída, se o casamento tem chance de reparação, se os parceiros apresentam memórias positivas de seu relacionamento, se houve espaço para momentos românticos, engraçados e de cumplicidade. Quando o casal só tem memórias negativas, eu logo penso: acho que não vai dar certo, mas…
Ter memórias positivas sobre aspectos da vida em comum pode ser um bom amortecedor para o que vem a seguir, pois, as memórias positivas, podem servir de amortecedor, que as coisas boas podem ser recuperadas. Elas existiram e podem vir à tona novamente. Quando isso não acontece e somente os pontos negativos emergem, é muito difícil encontrar um espaço para retomar em dupla um lugar ao sol.
Qual a melhor decisão?
Cada um seguir seu caminho e da melhor forma possível!