Não é novidade, nos dias de hoje, o conhecimento de que os bebês desde o intraútero ouvem e distinguem a voz materna e a voz paterna ou de pessoas que convivem intimamente com a mãe e costumam falar bem próximo de seu ventre.
Digo que falem bem próximo da barriga da mãe, pois, a parede abdominal funciona como um filtro a chegada de barulhos, ruídos e sons.
Tanto isso é verdade que alguns estudos têm demonstrado que quando o bebezinho recém-nascido ouve a voz da mãe, seus batimentos cardíacos diminuem e o mesmo é capaz de levar seu dedinho a boca e suga-lo ou até mesmo lateralizar seu pescoço em busca da voz reconfortante e apaziguadora de sua geradora. A criança é tão responsiva que além dos movimentos citados, ela mexe com desenvoltura os bracinhos e abre os olhinhos de maneira a prestar mais atenção na voz materna.
Os bebês bem novinhos já nascem com um código de linguagem desenvolvido. A voz da mãe é capaz de fazer milagres, mesmo sem entender o significado de nenhuma palavra, o tom de voz para esses pequenos é um verdadeiro “abre-te sézamo” para conhecerem o mundo externo.
Como começou tudo isso?
Ainda dentro do útero, os pequenos aprendem a distinguir a voz da mãe da de outras fontes de ruído quer do meio interno quer do meio externo (batimento cardíaco, ruídos respiratórios, ruídos provocados pelo intestino, sons do sistema cardio-circulatório versus os sons do ambiente externo).
Os recém-nascidos são tão “devotados” a sua mãe que algumas pesquisas demonstraram que eles são capazes de reconhecer a voz de sua mãe entre a voz de outras mulheres, demonstrando sinais de procura, atenção e conforto.
Realmente os bebês possuem uma linguagem muito intima e pessoal com suas mães e quando o pai foi presente em dedicar um tempo para conversar com a “barriga” da mamãe durante a gestação, o bebê também se sente atraído pela voz paterna.
Outro dado que chama a nossa atenção é a preferencia do bebê pela língua materna. Quando o bebê é exposto a outro idioma, mesmo que o som seja emitido pela própria mãe, seu interesse decresce ou não o reconforta. Porém, quando a mãe volta a se expressar em seu próprio idioma o bebê se mostra ativo e atencioso.
O que será que isso quer dizer?
O bebê desde o intraútero é capaz de discriminar as sílabas da língua materna. É como se o pequeno fosse ao longo dos nove meses construindo um repertório da língua ouvida durante esse período e ao nascer seu ouvido estaria “apurado” para reconhecer a língua materna.
A preferência pela língua materna tem tempo de validade, isto é, dura em torno de seis meses. Depois o bebê está mais aberto para novas aprendizagens. Não estou querendo dizer que o bebê nasce falando ou discriminando a linguagem como ela é ou como, pelo menos, nós a entendemos. Estou falando de algo como uma melodia. Uma melodia que agrada aos ouvidos do bebê.
Os recém–nascidos desde que chegam ao nosso mundo apresentam um repertório mínimo de comunicação, vide a linguagem corporal e o choro. Por meio do movimento do corpo eles conseguem sinalizar ao seu cuidador que precisam de conforto, necessitam ser higienizados ou até mesmo acolhidos e embalados.
Não obstante, o choro nada mais é do que a expressão do eu preciso de… Eu preciso de um leite morninho, eu preciso ser embalado e confortado, eu preciso ir para um lugar mais tranquilo, eu preciso ficar no colo para desfrutar de seu calor e seu amor, etc.
Nesse sentido, os bebês estão prontos para gerar e construir uma linguagem característica dessa fase: o balbuciar. Com o tempo e na presença de um ambiente estimulante e incentivador, os bebês vão aumentando seu repertório e as palavras, conforme as conhecemos, vão surgindo.
Num momento mágico e num dia especial ouvimos o tão sonhado “Mã” – “Pa” e por aí vai.