Quando encontramos alguém especial, optamos em deixá-la entrar em nossa vida, e, iniciamos uma parceria amorosa, o fazemos com todo nosso amor e carinho.
Planos são estabelecidos, o dia a dia é incrementado por nuances coloridos, e, os projetos de uma vida a dois vão sendo delineados pelo tempo de convivência, e, pela perspectiva de que vale a pena estar juntos.
Conheço poucos casais que param para pensar sobre suas famílias de origem, e, se em algum momento, elas podem influenciar (positivo ou negativo) na vida a dois do futuro casal. Parece que nada pode abalar o momento mágico que o casal enamorado está vivenciando, que qualquer tipo de problema, interferência, ou, desavença familiar é de mínima importância. Tudo pode ser superado. A final das contas, “eu não estou casado com a sua família – eu estou casando com você”. Que pena – ledo engano.
Este é o típico pensamento dos casais apaixonados e inebriados pelo sentimento de união somente a dois.
Não estou querendo dizer que os casais, pretendentes a “marido e mulher até que a morte nos separe”, não pensem em dificuldades ou superações. O problema está em acreditar, que tudo vai se resolver com o casamento, ou, com o passar do tempo, que num passe de mágica as famílias de origem desaparecem, ou, se tornam fraternas, compreensivas, e, quase nada abusivas. É comum um dos cônjuges acreditar que após o casamento o parceiro saberá impor limites, mudar de atitude, e, proteger com unhas e dentes a recém família constituída.
As desigualdades que existem entre as famílias de origem podem ser enriquecedoras e contribuírem, em muito, para o desenvolvimento da nova família. Todavia, o caldo entorna, quando as famílias de origem iniciam uma competição do tipo “quem vai interferir mais” na vida do novo casal. Quando isso acontece, a chuva de acusações, de torpedos e de mísseis acabam sobrando para ambos os lados familiares e “um tal” de “a sua família é a culpada” vira e mexe acaba aparecendo.
O que fazer então?
O casal, antes de tudo, precisa refletir e identificar, com muita paciência, as dificuldades que cada um tem com sua família de origem e com a família do parceiro, e, ambos discutirem sobre suas expectativas e atitudes a desenvolverem frente a uma questão familiar.
Parece uma decisão um tanto quanto fria, entretanto, alguns acordos precisam ser feitos no sentido de assegurar que tipo de relação e intimidade o casal quer estabelecer com os pais, irmãos, tios, sogros, cunhados, avós e outros parentes.
Os acordos serão melhores tolerados e cumpridos se eles forem claros e objetivos. Querem alguns exemplos?
“Só eu posso falar mal de minha família” – parece bobeira, mas tem um fundo de pedido de ajuda. É como se eu identificasse os desequilíbrios ou os destemperos familiares e ao mesmo tempo estivesse pedindo colo ao parceiro pelas dores sentidas e notadas. O companheiro funciona como um colinho acolhedor e compreensivo – é a verdadeira compaixão e companheirismo.
“Meu segredo morre com você” – nenhum dos parceiros quer ser desnudado em seus segredos familiares mais íntimos, mesmo que para o outro este segredo não tenha o mesmo peso afetivo, ou seja, visto como sem grande importância. O não respeito as intimidades do outro gera insegurança e dificuldade em criar uma boa esfera familiar de cumplicidade e afetividade.
“Pai e mãe são sagrados” – ninguém gosta de ter os pais na berlinda. Para falar sobre eles é necessário ter tato. Ofender diretamente os pais do nosso cônjuge é denegrir as origens. É ofender indiretamente quem escolhemos para parceiro, portanto, tenha muito cuidado nessa hora.
Via de regra, a melhor atitude para assegurar a boa convivência familiar, e, manter um espaço entre a família de origem e a família atual é tendo uma boa dose de paciência, respeito, compreensão, e, de maneira cuidadosa estabelecer uma barreira virtual que mostre até onde cada família pode ir, tanto a de origem como a atual.