Outro dia, estava eu conversando com uma mãe numa livraria, que ao saber que eu trabalhava com família, perguntou-me como ajudar seu filho de 5 anos a ser forte emocionalmente, para ele poder conseguir enfrentar os problemas do futuro com competência e assertividade. Parecia até que eu teria uma receita de bolo pronta e que as coisas seriam simples e fáceis assim.
Refletindo sobre o ocorrido, entendi que o que ela mais queria ouvir era como criar e educar seu filho com carinho, competência e sem violência. Pelo menos acho que foi isso. Não tivemos muito tempo para conversar, pois eu estava indo para um seminário na referida livraria.
Para que a criança se sinta forte e segura para enfrentar seu dia a dia, ela precisa ser protagonista de sua história, sentir que ela tem um lugar de destaque em sua família, que possui competências e que seus pais, ao mesmo tempo, que são dedicados, expressam claramente limites e o que esperam de seus filhos, tendo como norte a idade e a maturação dos mesmos.
Os pais possuem uma grande importância no desenvolvimento das competências de seus filhos para que eles cresçam fortes emocionalmente, e, para isso algumas características precisam estar claramente expressas na mente dos progenitores. Entre elas podemos citar:
1- A capacidade que os pais demonstram em aceitar a personalidade e o temperamento natural (essencial) de seus filhos,
2- A expertise e a sensibilidade que os pais mostram aos seus filhos para delegar e estimular a responsabilidade baseadas na idade cronológica e mental das crianças,
3- A habilidade que os pais demonstram em confiar em seus filhos para que eles sejam capazes de tomar decisões e resolver problemas de acordo com a idade cronológica e mental dos pequenos.
4- A destreza com que os pais conduzem um erro cometido por um filho, e, como esse erro pode se tornar um desafio para a criança se sentir motivada para repará-lo, e, no futuro poder fazer diferente numa outra situação.
Como visto acima, não é tão simples “dar conselhos” em como educar e criar um filho, para que ele seja emocionalmente saudável para lidar com as situações conflitantes do cotidiano familiar, afinal das contas, criar e educar um filho, não é um assunto comum na literatura mundial, mesmo por que nos deparamos com as diversas culturas e com formas diferentes de pensar e agir.
Porém, uma coisa é certa e amplamente demonstrada pela literatura acadêmica: nenhuma forma de violência deve fazer parte da criação e educação de um filho. A violência trás sequelas indeléveis na autoestima das crianças e prejuízos importantes em seu psiquismo na fase adulta!
Costumo conversar com as famílias que atendo, que a infância não é romântica, que é uma fase que pode apresentar-se conflitante, e, que o papel dos pais é fundamental na superação desses conflitos. Algumas crianças são mais arteiras, outras são mais tranquilas e afáveis. Antes dos pais e da comunidade rotular um comportamento da criança como “problemático” é preciso traçar um panorama do que está acontecendo na família, que estressores podem estar ocorrendo naquele momento (morte ou separação de um ente querido, chegada de um irmãozinho, entrada ou mudança na escola, mudança de casa ou de cidade, problemas financeiros, doenças graves num familiar, mudança de emprego de um dos pais, entre outras).
Por vezes, a criança pode exibir um determinado comportamento por não estar sabendo lidar com seus sentimentos, e, normalmente a raiva é um dos sentimentos mais difíceis para a criança contornar, tendo em vista sua imaturidade e sua dificuldade em lidar com ela. É nesse momento que os pais precisam lançar mão de suas competências e habilidades para ajudar seu filho.
Quanto à receita de bolo, vou ficar devendo!