Crianças pequenas fazem birra e nós adultos precisamos entender o desenvolvimento infantil para termos mais compaixão.
Não é infrequente ouvirmos de um garotinho ou uma garotinha ele (a) gritar “ Eu faço isso e agora!” A primeira vista pode parecer uma criança mimada, sem limites e com traços de falta de educação e pitadas de mau humor. Nossa! Tudo isso?
Na maior parte das vezes o que esta criança está querendo nos dizer é que ela está tentando dar um passo rumo a autonomia – a relativa independência. Este caminho é um processo normal do psicodesenvolvimento infantil que nos exige, enquanto pais e cuidadores, conhecimento da fase que se encontra o pequeno, aceitação de que nossos filhos precisam desenvolver confiança e capacidades e que tudo isso incrementa desafios.
Por um lado, podemos ver uma criança cheia de energia, exploradora e exercendo suas potencialidades. Do outro, também entendemos que existe um caminho a se entender: o que seria esperado para a faixa dos 2 ou 3 anos? O que é um mau comportamento. Parece uma linha bem tênue entre tudo!
Não é porque um comportamento seja adequado para a idade que não ficamos confusos, frustrados ou até mesmo enraivecidos diante do que fazer. Compreender cada fase do desenvolvimento infantil pode ajudar a reduzir nossa ansiedade, nos ajudar a lidar com os comportamentos mais difíceis e a reagir de maneira mais gentil, porém consistente frente a um destempero infantil.
As criancinhas de 2 ou 3 anos são facilmente frustradas quando entendem que não estão conseguindo realizar uma tarefa ou executar uma habilidade específica (elevar blocos, montar um quebra-cabeça, etc.). A tendência é se afastarem ou terem uma crise de “chutar o pau da barraca” (ou os blocos).
Como, nós adultos, poderíamos ajudar nossos filhos?
Precisamos incentivar a confiança e ao mesmo tempo dar oportunidades. Oportunidade demanda tempo e fazer junto – estimula o encorajamento (você pode com gentileza e firmeza conduzir o processo sem forçar demais ou sem favorecer que a criança desista facilmente). Esse tipo de construção, focada no cuidador e criança, desenvolve as noções de autonomia, competência e autoestima. Como eu disse anteriormente, é um processo – uma “construção de gente” que nos solicita tempo e empenho amoroso.
Criar uma criança na faixa dos 3 anos pode ser encarada como menos frustrante se os pais entenderem o que está acontecendo por traz de um comportamento inadequado. A autora J. Nelsen, especialista no mundo familiar, relata alguns pontos a serem levados em consideração, quando o assunto é comportamento. Vamos salientar alguns:
- O comportamento desafiador pode ser encarado de maneira diferente quando você entende que seu filho está lutando por autonomia,
- Faz sentido seu filho não lhe escutar, por vezes, tendo em vista que seus impulsos de desenvolvimento falam mais alto,
- Faz sentido você usar a gentileza e a firmeza, bem como resolução de problemas, para encontrar a solução adequada. Se tudo faz parte do processo do desenvolvimento infantil, não está certo “abafarmos” o processo com gritos, tapas ou punições.
Vou dar um exemplo bem simples. Imagine você, pela manhã, com uma criança de cerca de 2,5 anos, tendo que estar com tudo pronto para levar seu filho para a escolinha e estar pontualmente no seu trabalho. Na hora do café da manhã, durante a refeição, seu filhinho derruba o suco ou leite na mesa. Sua tendência é brigar, dar sermão, limpar a mesa e o servir novamente, porém com os nervos à flor da pele
O que ele aprendeu?
Que ele não faz nada certo, vergonha e incompetência. Esse tipo de atitude não ajuda a fortalecer a autonomia.
Não gostaria de passar uma receita de bolo. Então deixo uma reflexão para você pai ou mãe – O que você faria para ajudar seu filho frente a situação exposta? Como você poderia agir melhor levando em conta o processo de desenvolvimento infantil de seu filho?
Vou deixar uma pista: T.R.E.I.N.A.M.E.N.T.O