Que o brincar é essencial para o desenvolvimento da criança a maioria dos pais sabem, porém, que o valor da brincadeira não pode ser subestimada, isso poucos se atentam.
Brincar vai além do mundo da fantasia infantil.
A criança enquanto simula o “vrum” do motor do carrinho, empilha blocos coloridos, de tamanhos variados, ou ainda, quando acalenta um boneco, ela está experimentando as possibilidades de construir, de conhecer o que passa por suas mãos (forma, textura, cor, odor, tamanho) e o que acontece ao seu redor.
Quando brincam os pequenos descobrem coisas e processam informações, é como se eles estivessem fazendo um “autoinvestimento” a curto e longo prazo.
As pesquisas mostram que a criança que brinca é mais espontânea, esperta, interessada no ambiente que a cerca e tem maior facilidade em aprender. Sua curiosidade é mais aguçada e seu relacionamento com as pessoas é natural.
Ao brincar a criança exala prazer, expressa seus sentimentos, se abre para o aprendizado e o tempo passa como num passe de mágica. O mundo se torna mágico! Tudo é possível! A criança mostra aos pais, cuidadores e professores como elas são: temperamento, desejos, sentimentos e afetos.
As crianças pequenas, menores de 4 anos, costumam brincar sozinhas e seu mundo está voltado para o faz de conta, para a simulação de situações do dia a dia (dirigir o carro do papai, ser o motorista do ônibus, brincar de escritório, casinha, etc.). As brincadeiras proporcionam as crianças uma oportunidade de entrarem em contato com os problemas e as possíveis soluções que inundam seu imaginário. O fazem para depois devolverem as respostas ao mundo real, no aqui agora!
Por volta dos 5 anos, a criança envolve o outro em suas brincadeiras. Elas deixam de brincar ao lado de outras crianças para, então, brincar, interagir e dividir com as crianças ao seu redor.
É claro que o desenvolvimento infantil é muito particular e algumas crianças brincam com as outras mais cedo e outras o fazem mais tarde. São fases e como tal podem ser mais ou menos elásticas. O fato não deve causar preocupação ou alerta aos pais. Cada criança tem seu ritmo particular.
Estudos de neurociências mostram que estimular a brincadeira junto às crianças incrementa a habilidade física, a interação social, a criatividade, a segurança e a inteligência dos pequenos. Os pais precisam interagir com seus filhos para conhecê-los melhor.
O mundo globalizado, a restrição de espaço e de horários dificulta a interação das brincadeiras entre pais e filhos. Contudo, é interessante os pais reservarem um tempo diário ou semanal para se divertirem com seus filhos.
As agendas lotadas das crianças com afazeres extracurriculares desestimula a brincadeira, por deixar os pequenos cansados, e, muitas vezes, estressados com o excesso de atividades.
Por mais que os pais acreditem, que as crianças precisam de um “plus” para poderem competir no amanhã, é preciso que a criança tenha um espaço diário para não fazer nada, para soltar a imaginação, deixar a mente expandir, e com isso favorecer um espaço criativo para o brincar!
Quando os pais participam das brincadeiras com os filhos, eles têm a oportunidade de se entrosarem e conhecê-los melhor. É possível observar vulnerabilidades, pontos fortes, sentimentos, entre outros aspectos.
Ao brincar com as crianças os pais estreitam a confiança e o vínculo com seus filhos, a troca é íntima e contínua.
Os brinquedos oferecidos às crianças precisam ser variados. E aqui vale ressaltar que quem manda na brincadeira não é o gênero e sim a espontâneidade dos pequeninos. O brinquedo deve ser misto: não existe brinquedo direcionado ao sexo – é a criança quem escolhe.
Menina pode brincar de carrinho e menino pode pegar um boneco e dar vida a ele. O que vale é a criatividade e o contexto escolhido pela criança.
Mais importante que o brinquedo é a brincadeira!
Não interfira na ludicidade infantil. Deixe seu filho escolher o brinquedo: carrinho, bola, blocos, bonecos, caixas, material de sucata, papel, lápis de cor, tecidos, etc. Não se preocupe se seu filho não tem um brinquedo eletrônico e de última geração.
Para os pequenos é a brincadeira que faz toda a diferença.
As crianças se desenvolvem e brincam melhor quando há um adulto por perto, em um ambiente adequado. Semelhante à sala familiar de antigamente, onde “os causos” eram contados e recontados, e, as crianças desfrutavam desse ambiente caloroso.
Crianças até 2 anos gostam de brincadeiras que estimulam os sentidos (cores, texturas, escaladas nos móveis, buscar caminhos diferentes pela casa, jogar bola, etc.). Já as crianças entre os 3 e 4 anos preferem as brincadeiras de faz de conta (escolinha, bombeiro, médico, etc), livros com pouco texto, jogar futebol, brincar de construtor, entre outras. Por volta dos 5 ou 6 anos, além das brincadeiras anteriores, os jogos de competitividade despertam muito interesse e interatividade (dama, tabuleiro, futebol, boliche, pular corda/elástico, etc.).
Quanto aos maiores de 7 anos ou mais, eles apreciam atividades ao ar livre e de maior complexibilidade.
E ai já brincou com seu filho hoje?!