Educar com equilíbrio faz toda a diferença no futuro das crianças. Por equilíbrio entenda ser gentil e firme quando necessário, levando em conta os sentimentos da criança.
Voces sabiam que até meados do século XIX o tratamento social e emocional oferecido as crianças do mundo ocidental chegava `a beira da negligência? No final deste século e início do século XX as necessidades humanas básicas infantis começaram a ser estudadas e reconhecidas progressivamente.
Os pais passaram a cuidar com mais atenção dos aspectos físico, sociais e emocionais dos pequenos e a se preocuparem em direcioná-las para um bem-estar mais global. Em 1930, uma pesquisadora infantil, Lois Murphy, realizou um estudo demonstrando que as crianças, em idade pré-escolar, são por natureza boas, são empáticas umas com as outras e são capazes de demonstrar solidariedade quando uma outra criança está enferma.
Conclusão: o ser humano nasceu para ser bom, empático e solidário!
Tendo em vista essa descoberta, o modelo educacional rígido foi dando espaço a um modelo de reciprocidade, onde os pais estavam mais focados em ajudar seus filhos a se desenvolverem na base do amor e do respeito: paternidade “ com autoridade”.
Aqui gostaria de abrir um parênteses e explicar que pais autoritários são aqueles que impõem limites desenfreados e espera obediência “stricta” das crianças e sem questionamento da conduta. Por outro lado, os pais com autoridade, impõem limites, mas são flexíveis na hora de questionar um posicionamento e dão explicações e muito carinho aos filhos. Já os pais permissivos podem colocar limites ou rever com facilidade e muita flexibilidade esses limites e são comunicativos com os filhos, mas nem sempre de maneira assertiva.
Nos anos 70, pesquisas realizadas nos Estados Unidos, verificou que as crianças cujos pais eram autoritários, costumavam ser mais irritadas, agressivas, retraídas e exibiam ser mais conflitadas. Os filhos de pais permissivos tinham como características a impulsividade, a insegurança, pouco foco e baixa tolerância a frustração. Em contrapartida, os filhos de pais com autoridade eram mais empáticos, disponíveis, seguros, energéticos, simpáticos e tinham foco.
O fato de termos tido cientistas preocupados com a interação dos pais e seus filhos, permitiu o estudo de outras formas de interação. Hoje sabemos que desde que o bebê nasce ele é um ser social em busca do contato com o outro. Quando o cuidador reage com sensibilidade as demandas do bebê, acompanhando o olhar, conversando, respeitando o descanso natural, o pequeno logo aprende a regular suas emoções por meio da regulação do outro – é o que hoje a neurociência chama de regulação emocional por meio dos neurônios espelho.
Portanto, um bebê pode ser regulado emocionalmente por meio do neurônio espelho de seu cuidador e vice-versa. É lindo demais!
Contudo, um cuidador que é disperso, ansioso, pouco empático as necessidades do bebê ou depressivo, o bebê não consegue desenvolver adequadamente a regulação de suas emoções e, por vezes, pode comprometer o apego seguro e a relação vincular no futuro. São crianças difíceis de serem apaziguadas ou crianças com dificuldade de se “auto-relaxarem”.
Relaxar e se acalmar são funções primordiais para todo o ser humano, principalmente para uma criancinha pequena. No estado de “calmaria” o bebê está aberto para novas aprendizagens que vão repercutir em várias etapas de seu desenvolvimento: empatia, emprestar um brinquedo, brincar, conviver socialmente, lidar com a frustração, entre outras.
Que bom que hoje temos acesso a todos esses conhecimentos. Que bom que os pais da atualidade são mais sensíveis as demandas de seu filho, que se preocupam com informação de qualidade e que estão abrindo mão da “palmada educativa” para dialogar mais, serem mais gentis, respeitosos, firmes quando preciso e orientar os filhos com limites claros e factíveis.
As críticas e os elogios em demasia estão sendo substituídos por formas mais coerentes de educação para a vida, como, o emprego de limites claros associados ao incentivo e ao encorajamento. O carinho, o amor, o ensino do otimismo e a paciência são ferramentas indispensáveis para quem quer ter filhos de “sucesso”. E por sucesso, entenda filhos empáticos, solidários, que toleram frustrações, otimistas e que têm em mente seus objetivos e metas.