Está chegando a hora.
E, então parto normal ou cesariana?
Esta é uma questão que aflige muitas futuras mamães quando a gestação está chegando ao fim. Algumas mulheres sentem-se seguras quanto a experiência de um parto normal, outras não conseguem nem pensar no assunto e não abrem mão da cesariana. Durante o período gestacional a mulher tem a oportunidade de ir de encontro a suas raízes, e, aqui me refiro a história familiar, aos mitos e as crenças sobre dar a luz.
É claro que se a gestante é neta e filha de mulheres parideiras sua aceitação quanto ao parto normal é mais fácil e até encarado com muita normalidade. Ao contrário, uma mulher com antecedentes de familiares vindos ao mundo por meio do parto cirúrgico, não encaram o parto normal como uma viagem segura e esperada. Sem falar na influência negativa da mídia sobre o parto normal.
O mais importante de tudo, é que a gestante e seu obstetra estejam em sintonia, para que na hora do parto, o profissional possa trazer o bebê ao mundo da melhor forma possível, onde mãe e filho estarão seguros e saudáveis.
Tenho observado que muitas mulheres até são desejosas em passar pela experiência de um parto normal. Entretanto, os médicos indicam por uma causa ou por outra uma cesariana. Essas mulheres podem julgar que são incapazes de dar a luz, ou ainda, se sentirem muito decepcionadas.
Nesse aspecto, penso que os médicos deveriam ser mais delicados e ponderarem com a gestante que, no momento, o mais importante é o parto seguro para ambos (mãe-bebê) e ao mesmo tempo deixar um espaço de reflexão para a mulher e fazê-la participar da decisão. Ela não se sentirá excluída ou pressionada frente a uma decisão teoricamente imposta. É uma forma humanizada de conduzir uma atitude médica sem excluir a opinião da parturiente.
Este é um momento muito importante da gestação, onde a grávida e o médico vão dialogar sobre: vamos deixar o trabalho de parto transcorrer sem nenhuma intervenção obstétrica? Vamos induzir? Vamos utilizar a peridural? Vamos optar por um parto humanizado? Vamos utilizar técnicas alternativas para o controle do desconforto/dor?
Seja qual for a escolha, ela será melhor tolerada quando tomada em comum acordo entre médico-parturiente.
Outras gestantes se sentem muito angustiadas com a idéia de enfrentar horas de trabalho de parto, e, preferem, de imediato, ter uma data programada para o bebê nascer (respeitando a idade gestacional de um bebê maduro).
O que importa realmente é que as mães sonham com o momento do nascimento de seu filho. Poder ouvir seu chorinho ou seu murmúrio, pode representar para a futura mamãe o verdadeiro sentido de dar a luz e vivenciar uma experiência de plenitude e de concretude do estabelecimento de uma família.
É uma abertura de espaço para que a mãe e o futuro papai recebam com amor e carinho, aquele que os nomeará como pais.
Finalmente, o terceiro trimestre de gestação é um período dinâmico e que ocupa muito espaço no psiquismo da mulher. É um período onde a futura mamãe quer conhecer o rostinho de seu filho, mas ao mesmo tempo, não quer que ele deixe o seu ventre protetor e aconchegante. É o momento da separação necessária – separação essa que propicia a reatualização das separações vividas pela gestante anteriormente a sua gravidez: as positivas e as negativas.
É em meio a tantos pensamentos e sentimentos que a mulher vai abrindo espaço para a chegada do bebê. Tanto em seu imaginário quanto fisicamente falando. É o clamor sublime de um momento inesquecível que ficará para o resto da vida de quem o viveu: mamãe, papai, vovós e vovôs, titios, futura madrinha e padrinho, amigos e toda equipe de saúde que também se emociona a cada “serzinho” que confirma o milagre da vida.