Escute seu filho e entenda o que existe para além das palavras e tome condutas assertivas e pautadas no respeito!
Com o advento do estudo da inteligência emocional, da psicologia positiva, da educação positiva e outras linhas de pesquisa, hoje se sabe que uma das maiores responsabilidades dos pais é ESCUTAR seu filho. Por escuta, deve-se entender não só o som das palavras e seu significado objetivo, mas também os sentimentos por trás das palavras. Entender ou decifrar o código emocional das crianças faz toda a diferença na hora de lidar e educar as crianças, transmitir valores e prepara-los para a vida.
Não basta, simplesmente, os pais demonstrarem entendimento das emoções filiais, é preciso também demonstrar que as sentem. Frases do tipo: “Pare de chorar. Isso não é nada!”; “Engula esse choro e vá brincar!”; “Não se sinta assim. O que aconteceu não é para tanto!” ; são contra producentes e (des) valorosas. Quando os pais demonstram esse tipo de conduta, eles estão dizendo (entre linhas) para as crianças que o que elas sentem é errado, que o que elas sentem não estão de acordo ou é errado e que seus pais não se importam realmente com o que elas dizem e sentem. Portanto, cabe a nós, adultos e cuidadores, validarem os sentimentos dos pequenos e acolhe-los. Não estou dizendo que daqui para frente seremos condescendentes com tudo. Estou apenas dizendo que seremos empáticos, tradutores de emoções e recíprocos as demandas da criança.
Giott, estudioso de famílias, costumava enfatizar que nem todo tipo de comportamento é aceitável, porém, todos os sentimentos os são! Filho precisa de atenção, compaixão e limites claros e factíveis.
Conclusão: a empatia é a base da paternidade eficiente e amorosa!
A literatura tem demonstrado que os filhos de pais empáticos se tornam mais preparados para a vida – o rendimento escolar é adequado, são sociáveis, apresentam bem-estar emocional e são saudáveis. Para surpresa dos pesquisadores, até o coeficiente de inteligência (QI) é superior quando os filhos sentem que seus pais são solidários e empáticos aos seus sentimentos e são gentis e firmes quando necessário.
Em termos acadêmicos, os professores relatam que as crianças que aprendem regulação emocional com seus pais se tornam, no ambiente escolar, mais sociáveis, apresentam mais emoções positivas que negativas, controlam melhor a expressão de raiva e descontentamento e são menos estressadas.
Aprender regulação emocional não só prepara as crianças para uma vida, mas também favorece o desenvolvimento orgânico mais saudável – são crianças que adoecem menos, apresentam menos doenças infectocontagiosas, como gripes e resfriados.
Gottman, pesquisador da inteligência emocional, concluiu que as crianças com bom preparo emocional apresentavam uma característica denominada “alta tonicidade do vago”. Esse termo é designado para descrever a capacidade que uma pessoa possui para regular os processos fisiológicos involuntários. Portanto, assim como uma criança com boa tonicidade muscular pode ter bom desempenho em esportes – uma criança com “alta tonicidade do vago” são mais resilientes (reagem e se recuperam do estresse emocional com maior propriedade).
Conclusão: essas crianças sabem se acalmar, focalizar a atenção e inibir ações “negativas” quando necessário.
Que tal um exemplo prático?
Imagine crianças que moram no Japão e costumam fazer exercício prático anti-terremoto. Elas são capazes de executar o que os professores orientam, terminar o treinamento e retornarem para sala de aula, se auto-regularem e estarem aptas para aprender matemática ou outra matéria. Por outro lado, as crianças com “baixa tonicidade do vago” seriam mais sujeitas a dificuldade de concentração e transição para a aprendizagem.
As crianças com melhor tonicidade do vago (melhor preparo emocional) se recuperam mais rápido do estresse e isso tem uma repercussão importante não só na infância, mas também na vida adulta. As crianças reilientes são mais bem preparadas emocionalmente, o que lhes permite focarem adequadamente nos estudos pela vida a fora, serem empáticas, se autorregularem quando preciso, fazerem e manterem amizades, repararem erros quando necessário e lidarem melhor com as emoções negativas.
Onde elas aprendem tudo isso? Em casa!