A realidade do matrimônio, começa, após o “SIM”.
É a partir desse momento, que o cotidiano da vida de um casal realmente começa.
O primeiro momento é de muita ternura, compreensão e descobertas. Depois, a sensação do “cair na real”, e, descobrir, que nem tudo são flores, que viver a dois é um pouco mais complicado!
Vida de casado é ter todo o dia responsabilidades pessoais, responsabilidades para serem divididas: compras, pagamentos, cuidados mútuos, compromissos sociais e familiares, etc.. E, principalmente afazeres que nem sempre nos causam muita ou nenhuma satisfação ou prazer.
Com o tempo, corremos o risco de nos perguntarmos, “onde foi que a vida em comum se sobrecarregou de tantas obrigações”? Antes, ao chegar, em casa, após um dia cheio, eu sentia muita disposição para indagar o parceiro sobre seu dia, se havia acontecido algo importante, ou, diferente, ou, outros assuntos, que pudessem ser compartilhados. Parece que agora um simples “o que você quer para o jantar” soa como um grande diálogo.
Será que estamos falando da rotina, ou, da falta dela?
Lembro-me, que os adultos, quando eu era adolescente, costumavam dizer, que a rotina devastava o casamento.
Hoje, não acho que seja bem assim. A rotina é interessante, pois, nos permite viver com alguma ordem e previsibilidade. A rotina, também, pode abrir espaço para coisas bacanas na agenda: um cinema, um teatro, viagens, aquisição de bens, etc.. Ela nos ajuda a programar, no aqui e agora, o que vamos colher um pouco mais ali na frente.
Não é a rotina, que transforma o castelo em uma choupana, nem príncipe em sapo, muito menos, princesa em gata borralheira. Acho, que é como passamos a encarar a função de cada parceiro na relação. O investimento que cada um agrega a sua poupança amorosa. Nesse contexto, a negatividade tem um papel muito importante.
Proponho fazer uma greve contra a negatividade. A negatividade que expressamos diariamente no matrimônio, por meio de diálogos monossilábicos, com pouca sensibilidade: Oi! Tudo bem? Quer jantar? Você não está me vendo? Não quer parar de falar besteiras?, …
O que estou tentando dizer, é que o que desnutre, ou, desidrata um casamento, não é a rotina, e sim, a frequência com que deixamos de notar e ouvir um ao outro, ou mesmo, os períodos longos onde ficamos apáticos em vez de empáticos.
Antes do “SIM”, a maioria dos casais viam flores um no outro. O charme, a sedução, a esperança, eram palavras vistas como regra dentro da relação, mesmo quando não ditas verbalmente. Podiam ser sentidas, ouvidas de longe, e, bem dentro do coração.
Será que é possível continuar vendo flores um no outro?
Se sim, como?
Não perdendo a continuidade do olho no olho; não se perdendo um do outro; não fazendo comparações negativas, achando que a grama do vizinho é mais verdinha; não sobrecarregando o outro; não culpando a rotina pela falta de brechas afetivas; não atribuir aos filhos, o distanciamento da vida do casal; não delegar a Deus, aquilo que só nós podemos fazer um pelo outro; não deixar que o orgulho seja soberano ao amor e ao carinho.
Por fim, e, não menos importante, procurar ajuda especializada, quando a luz amarela piscar! Evite a vermelha! Pode ser que chegar nela com frequência, degrade com muita intensidade, as boas chances de aproximação.