A primeira reação que temos ao ouvir do adolescente que ele está namorando é saber a sua idade. A preocupação reside no fato da iniciação sexual “precoce” se é que podemos denominar assim.
Regras rígidas não é a melhor forma de impor um comportamento sexual aos filhos.
Certa vez um casal colocou em sessão que estava preocupada com sua filha de cerca de doze anos. Ela estava freqüentando baladinhas e comentava, ao telefone com as amigas, que havia “ficado”com dois meninos na festa. Não estou negando a preocupação dos pais ou muito menos incentivando a iniciação sexual precoce.
Os termos “ficar”, “transar”, “rolar”, “namorar” são palavras difíceis para os pais de compreender, pois pode significar desde um beijo até o ato sexual em si. São termos que assustam e deixam muitas vezes os pais congelados e sem saber que atitudes tomar – escutar e dizer “bacana ou você não acha que isso é muito cedo para você”?
Estou segura que algumas práticas não precisam e nem devem começar muito cedo na vida do adolescente, sem querer parecer uma falsa moralista. É simplesmente uma questão de respeitar o desenvolvimento do organismo humano: físico e emocional. A explosão hormonal, na entrada da adolescência, desperta sensações nunca sentidas ou experimentadas. Entretanto, o não zelo, nesta ou em outras fazes da vida, podem acarretar sérias conseqüências, tais como: doença sexualmente transmissíveis, gravidez precoce, possibilidade de postergar planos futuros (estudo, oportunidades de trabalho, entre outros). Neste aspecto quero enfatizar que se a maturidade física preocupa qualquer pai, a emocional não fica atrás.
Adolescentes que assumem a gravidez e “optam” pelo casamento, muitas vezes o enlance vai por água a baixo, pois o casalzinho ainda estava imaturo para assumir responsabilidades de grande porte como um casamento e a educação de um filho ao mesmo tempo. Se isso já é barra para um adulto, imagine para duas pessoas que ainda possuem a cabeça no sonho da meninice e na rebeldia da adolescência. Não é nada fácil.
Nem tudo está perdido – o jovem, quando bem orientado, não costuma sair por ai, ficando ou transando com todo mundo no mesmo dia / na mesma balada. A orientação amorosa e efetiva costuma gerar bons frutos. O jovem mantém um lado da cabeça no prazer e o outro lado na responsabilidade, e, assim consegue fazer boas escolhas e se preservar. Neste momento é que encaramos o fato de termos, como pais, feito um bom trabalho. Afinal sempre tivemos em mente que limite e responsabilidade andam juntos.
O estabelecimento do limite vale a pena para poder nortear os filhos até onde eles podem ir, mesmo as vezes, parecendo pais caretas ou meio desconectados do universo BBB.
Se tudo parece tão fácil, então porque as regras ou limites ficam difíceis de serem clareados aos filhos? O que me parece é que a família não acredita em sua força e termina, por vezes, se omitindo de suas próprias responsabilidades com medo de parecerem antiquados ou receosos de perderem o amor ou amizade dos filhos.
Quando a família se posiciona desta forma, ela perde boas oportunidades de orientar, ensinar conceitos essenciais sobre sexo e sexualidade para seus filhos.
Estudos epidemiológicos no Brasil têm demonstrado que o início da atividade sexual nas meninas ocorre em média por volta dos 16 anos e para meninos 14 anos. Assim, os pais poderiam dialogar com seus filhos que seria uma vantagem para eles se situarem entre a maioria ou até um pouco além da média. Isso ajudaria a preservar a saúde mental e física do adolescente.
Adolescente não gosta de seguir regras. Portanto, essa ideia deve ser acolhida por ele num momento de comunicação franca e sem muitos discursos biológicos ou mesmo sociais. Sei que atingir essa meta não é fácil, porem dois ou três anos a mais nessa fase pode fazer muita diferença no quesito maturidade. Essa atitude requer tempo, paciência, perseverança e constância dos pais.