Não é nada fácil mantermos um bom relacionamento com nosso parceiro quando estamos magoados ou irritados.
O amor, o carinho, a atenção e as coisas boas que foram vivenciadas durante a semana, ficam friáveis e nebulosas, os prazeres se perdem na quebra da comunicação, e, o diálogo amistoso pode ir por água a baixo.
Podemos até entender que nosso parceiro está com problemas, mas a forma como ele se refere a nós, em determinados momentos, gera desconforto, mal estar, e, a empatia passa longe de nossa sensibilidade.
Apesar de uma das partes ter a boa vontade em tentar levar a situação com alguma leveza, o estresse, os conflitos, os descompassos do passado podem voltar com força total, e, o revanchismo pode imperar no lugar do bom senso e do processo empático.
Qualquer tentativa de retomar o diálogo se esgota, cada um vai para seu lado, com a cara amarrada, e, nenhum dos dois abre espaço para retomar o diálogo aberto, sem tanta rigidez e conversar, escutando o outro com boa vontade e de coração aberto.
Menção de aproximação, de interação positiva (pedido de desculpas, elogio, apoio), são recebidos como “armação” para desconsiderar uma agressão sutil, uma desvalia velada ou criticas. As coisas que antes parecia estar indo tão bem, em fração de segundos é deteriorada por uma colocação inadequada de um dos parceiros.
Será que uma frase, um gesto, ou, uma atitude realmente são capazes de aniquilar, ou, desmontar um bom período relacional? Digo bom período, por que qualquer união afetiva está sujeita a altos e baixos, de construção e de desconstrução. A vida a dois é um eterno balanceamento afetivo da relação, um verdadeiro “aparar de arestas”. O ir e vir pode ser visto como formas de aprimoramento e crescimento.
Muitas vezes, o parceiro toma atitudes repentinas e desqualifica o “filtro vocal”, diz coisas que não quer dizer, faz coisas que não quer fazer, e, nos fulmina com um olhar de crítica.
Será que precisamos levar tudo tão a ferro e fogo?
Será que não dá para nos colocarmos no lugar do outro e tentar entender, na medida do possível, o que teria levado nosso parceiro a agir de maneira hostil?
Problemas existenciais, ocupacionais, de saúde, de vida em geral estão na mira de nossos sentimentos e emoções, para testar nossas respostas e ações. Todos nós temos dias ruins e nos sentimos ameaçados ou fragilizados.
Em vez de nos ressentirmos com nosso parceiro, de imediato, seria interessante tentar um diálogo em conexão e “procurar adivinhar” o que estaria levando-o a agir de maneira tão rude. Seria semelhante ao que fazemos com as crianças pequenas. Elas fazem birra, gritam, choram e no fundo percebemos que elas só agiram assim por que se sentiram desconfortáveis, com fome ou com sono. Recuamos, tentamos acalmá-las e percebemos que elas não estão aptas para lidarem com certos sentimentos e atitudes “ameaçadoras”. Entendemos isso por que sentimos empatia por elas e abrandamos nosso coração.
Com nosso parceiro, as coisas podem funcionar de maneira semelhante, a resposta explosiva, hostil e intolerante, pode estar servindo de pano de fundo para situações ou problemas, que nosso parceiro não está conseguindo lidar ou solucionar.
Que tal experimentar o famoso: “Eu tenho percebido que você não anda bem. Posso lhe ajudar de alguma maneira?”
A empatia pode ser uma ferramenta poderosa para quebrar o gelo, desmontar armaduras e facilitar a comunicação amorosa.