Gentileza gera gentileza?
Muito tem se falado sobre disciplina infantil – na necessidade de termos filhos que entendam limites e que consigam lidar bem com a frustração de não poderem ter tudo na vida. Será que o discurso dos adultos são verdadeiramente fortes para mudar o comportamento das crianças. Será que existe segurança e verdade nesse discurso? Como será que as crianças ouvem a fala do adulto?
A verdade é que existem muitas maneiras para ajudarmos uma criança a moldar suas atitudes e sua maneira de se comportar neste “mundão” que habitamos. Trago, aqui, algumas reflexões que tem me ajudado muito em minhas orientações de pais. São, a primeira vista, muito simples, mas que carregam em si grande eficácia.
A relação que desenvolvemos com nossas crianças é capaz de influenciar seu comportamento e a maneira como elas sentem e decifram o mundo. Se nossa relação é saudável, baseada no respeito, empatia e compaixão, nós nos tornamos pessoas sensíveis e exemplos de cidadania para eles. As crianças vão desenvolvendo sentimentos bons, segurança para escolhas mais saudáveis e quando as coisas não saem bem, elas se sentem seguras em pedir ajuda. Entretanto, se nossa relação familiar é árida, coercitiva e manipulativa, estaremos criando filhos autoritários, inflexíveis, tiranos ou até mesmo o oposto, crianças com reduzida autoestima e com pouca atitude. A maneira como tratamos nossos filhos e nos mantemos em conexão com eles, ajuda não só a traçar novos circuitos cerebrais (plasticidade) como também a preservar a saúde mental dos pequenos.
Quando você olha para seu filho o que você costuma ver, mais aspectos positivos ou mais aspectos negativos? Saiba que a maneira como você os focaliza influencia diretamente na maneira como eles se vêm. O que você pensa sobre eles também reverbera em como eles lidam com as próprias emoções e sensações.
É comum os pais das crianças de 2 a 4 anos dizerem que essa fase é terrível – que os pequenos travam uma verdadeira batalha para ver quem cede primeiro. Entretanto, podemos mudar a forma de enxergar essa fase, mudando nossa lente de ver as coisas. Que tal mudar “a terrível fase dos 2 a 4 anos” por a “incrível fase das descobertas dos 2 a 4 anos”. Por que é isso que realmente está acontecendo. As crianças estão descobrindo coisas e precisam dos adultos (pais) para lhes ensinarem se elas podem, quando podem e onde podem! Traduzindo em miúdos: LIMITES CLAROS!
As crianças estão em constante aprendizado. A maneira como você trata seu semelhante ou a natureza funciona como uma sala de aula em 4D. Um lar com boas fundações, valores sólidos e amorosidade ajudam a nutrir os alicerces da criança. Moral da história, somos o espelho no qual as crianças se miram!
Se o clima em casa é favorável, amistoso e amoroso, a criança se desenvolve com segurança, respeito e entende que pode seguir em frente. O que você costuma sentir quando visita uma família que do nada os membros começam a brigar ou se atacar – vontade emergencial de ir embora, correto? As crianças sentem o mesmo, mas não podem virar as costas e sair. Pelo contrário, elas se resignam ou desenvolvem doenças psicossomáticas.
As crianças aprendem com os nossos atos. Quão solidário você tem sido ultimamente? Tem efetuado algum trabalho voluntário? Tem feito alguma coisa por sua comunidade? Como queremos ter filhos empáticos se não desenvolvemos a empatia!
As crianças desfrutam de um lar acolhedor quando estão em conexão com seus pais. Para tanto, tudo precisa ter hora. Hora dos pais estarem em conexão com seus filhos e hora para que o casal também esteja em conexão um com o outro. Do contrário, preservar a família fica difícil quando o casal não está bem alimentado amorosamente.
Será que dispositivos eletrônicos alteram o entrosamento familiar? Estudos apontam que sim! Nunca tivemos tantas famílias solitárias e com seus membros queixando de solidão. Por isso, proibir não adianta, mas usar os dispositivos com bom senso e parcimônia é a palavra da vez. Para tudo tem lugar e hora. Que tal retornar ao bom e saudável olho no olho?
Voltemos ao título do artigo: Hábitos parentais estimulam as crianças a serem gentis – sim, estimulam, principalmente quando as crianças percebem que esses hábitos são verdadeiros e fazem parte do cotidiano delas!