Métodos punitivos podem vir mascarados de consequências lógicas, do tipo: “Eu te falei que isso iria acontecer! Bem feito! E agora?” “Como você vai resolver isso?”
Tenho acompanhado muito de perto formas alternativas de criar e educar filhos, fugindo de métodos punitivos e ameaçadores. Nesse contexto, os cursos e as publicações de autores como Adller e Dreikurs vêm muito a esse encontro. Esses autores fundamentam seus princípios no respeito e na dignidade humana.
É muito interessante como costumamos abordar nossos filhos quando queremos saber algo a respeito. Dizemos e agimos de determinada maneira, mas o que realmente conta é o que sentimos por trás de um determinado comportamento. Um adulto pode perguntar ao seu filho da seguinte maneira: “Depois de tudo que aconteceu, o que você aprendeu com isso?”. Essa pergunta se for realizada num tom acusatório, certamente, inibirá qualquer resposta reflexiva de seu filho – o que desencadeará, certamente, vergonha, humilhação e silêncio.
Por outro lado, se você fizer a mesma pergunta, mas num tom de interesse e empatia, será muito provável que seu filho sinta abertura para lhe contar o que realmente aconteceu, sem escamotear a melhor resposta. O adulto que abre espaço para o diálogo franco com seu filho estimula a proximidade e a confiança.
Quando atropelamos nossas crianças com perguntas, sentimentos e comportamentos intimidativos a tendência delas é o afastamento e o medo de qualquer forma de punição, mas sem “correção” de um suposto mau comportamento.
Muitos pais usam de consequências lógicas para punir seu filho de forma mascarada. Olhem que exemplo mais simples: “Pedro você esqueceu de trazer seu agasalho. Eu te falei para pegá-lo antes de sair. Agora, está chovendo, esfriou e você vai passar frio!”. Percebem, Pedro não cumpriu a ordem, agora nada mais justo, segundo esse pai/mãe, que ele seja punido com o “frio”.
Outro exemplo de consequência lógica, mas não punitiva seria se uma criança derrubasse o suco de frutas no chão. A consequência lógica (ou solução) seria ela limpar a sujeira. Todavia, para ser respeitosa, firme e gentil, o cuidador envolveria a criança no processo da seguinte maneira: “Tudo bem, o que você acha que pode fazer em relação a isso?”. Quando você lança para o seu filho uma pergunta motivadora e não repressora, sobre o que precisa ser feito e com seu suporte, você estimula seu filho a resolver problemas e buscar soluções assertivas e respeitosas.
Um pedido se torna uma punição quando os adultos usam um tom de voz agressivo, desrespeitoso e agressivo ou quando inserem atitudes humilhantes, do tipo: “Está vendo, você sempre derruba tudo. Voce é burro e atrapalhado mesmo! Voce já começa o dia estragando meu humor!” “Limpe tudo isso já, se é que você consegue!”
Por vezes, estamos no “piloto automático” e nem percebemos como nos dirigimos aos nossos filhos. Se realmente o que estamos falando está sendo compreendido ou simplesmente está entrando por um ouvido e saindo por outro.
Que tal, então, nos perguntarmos com regularidade se o que estamos fazendo ou falando é fortalecedor ou encorajador para nossos filhos?
Pode ser uma boa dica!!
Voce tem outras?
Divida conosco!