A história revela que os seres humanos são agregadores e anseiam por ficarem juntos. Apreciam o contato com outras pessoas e necessitam de carinho e amor para se desenvolverem de maneira saudável. Entretanto, existe, por parte de alguns indivíduos, o receio da intimidade.
Para esses indivíduos estar só é uma maneira de não se envolver emocionalmente – de não estar ou se sentir em situação de vulnerabilidade. Pessoas assim percebem que estão perdendo algo, não estão recebendo a amorosidade que precisam e merecem, mas mesmo assim, evitar a intimidade é protetor.
Mas do que será que tanto essas pessoas precisam se proteger?
Provavelmente são pessoas que em algum momento da vida sofreram intenso desamparo, desproteção e sentimento muito forte de rejeição. Evitam a todo custo a proximidade emocional com o outro e têm ciência do que podem esperar: nada!
O “nada” é uma maneira que esses indivíduos encontram para terem a sensação de que estão no controle e não vão mais experienciar sentimentos de desproteção e rejeição, semelhante ao que desfrutaram num passado.
Para essas pessoas o amor e a proximidade desafiam o circulo de confiança e sentem que se baixarem a guarda, o sistema pode sofrer alguma avaria e o sofrimento pode se tornar intolerável.
Estabelecer um relacionamento afetivo atrai exigências que nem todos podem partilhar: amor, honestidade, responsabilidade, confiança, aceitação mútua e possibilidades outras como a mágoa, decepção e desencantamento.
Um “fugitivo” da intimidade não quer correr riscos.
O fugitivo corre de relações amorosas de muitas maneiras. Empurram as pessoas para longe fazendo coisas que as magoam, usando de traições veladas e não veladas e agindo de maneira extremamente crítica e pouco ou sem nenhuma empatia.
Seriam essas pessoas frias?
A resposta pode ser: nem sempre. Pessoas que evitam a intimidade podem ser distantes ou frias somente quando o assunto é intimidade. No rol de amigos exibe atitudes carinhosas e de proximidade.
São indivíduos que se contentam com relações artificiais, voláteis – parecem atores que podem por e tirar máscaras na dependência de situações específicas. Tudo isso para se afastarem emocionalmente de um relacionamento que envolva a intimidade e a cumplicidade.
Se percebem que estão se aproximando da zona de perigo, turbinam seus equipamentos de corrida e fogem para o lugar mais seguro possível. Alguns acabam por se esconderem no excesso de trabalho, relações afetivas que duram apenas uma noite e nada mais e outros encontram a compulsão como escape (drogas, comida, sexo, etc.).
Essas pessoas se sentem muito independentes e auto-suficientes, mas na realidade são dependentes da própria armadilha – a solidão. Estão em constante busca do “eu me basto – não tolero pensar em ter alguém do meu lado”.
Todavia, não percebem que sua fiel companheira está bem ao seu lado, dividindo seu espaço, sua cama e sua mente – de novo ela – a solidão.