É possível afirmar, que toda criança ao nascer, nasce com a capacidade de amar, confiar, e, de ser amada.
Sua impressão, sobre as pessoas que a rodeia, vai se formando a medida que ela estabelece suas relações com a mãe, e, depois com as outros que ela convive e assim por diante.
Dessa impressão, o molde da autoestima vai se configurando e sendo modelado na alma e no corpo do bebê. A partir dessa modelagem, a mãe, não disponível emocionalmente para a criança, transmite a ideia que nenhuma outra pessoa o estará. A resultante deste processo é uma pessoa com dificuldade de confiar no outro.
Quando essa mesma criança, agora adulta, encontrar alguém para dividir afetos, ela entenderá que é isso que ela quer e precisa. No entanto, ela não conseguirá confiar, pois, estabelecerá reações fugidias e de incertezas.
As crianças utilizam seus pais como modelos de percepção e de vivencia no mundo. Assim, os filhos internalizam as dificuldades de relação dos pais com as pessoas.
Caso esses mesmos pais afirmem usualmente: “Não confiem em ninguém, pois, todos tem algum interesse em nós”; “Não perturbe as pessoas meu filho, elas estão ocupadas, e, tem mais coisa a fazer do que dar ouvido a você”; “Fique na sua e se limite ao seu lugar de criança, e, de quem no momento não sabe nada”, e, assim por diante; “Não ligue não meu filho, todas as mulheres são iguais”; “Não chore na frente dos outros, isso é pura demonstração de fraqueza”. Frases desse tipo irão afetar profundamente a visão que uma criança terá do mundo futuro.
Portanto, as impressões deixadas durante a construção de nossos primeiros relacionamentos, certamente marcarão profundamente nossa alma e nossa mente no que concerne nossa visão de mundo.
Querem um exemplo? Imagine uma mulher que foi pouco reconhecida e valorizada por seu pai – não recebeu atenção, carinho, incentivo e outros afetos tão importantes para desenvolver suas boas relações com as outras pessoas. Essa mesma mulher, quando conhecer um homem vai ter muito medo de gostar dele – de se sentir rejeitada e reviver a dor da desvalorização e do abandono experienciado com a figura paterna. Ela vai enxergar os homens com a mesma lente que ela enxergava seu pai.
O pior de tudo, é que mesmo que essa mulher encontre um bom homem que a ame, ela não vai acreditar nisso. Sua tendência é enxergar os homens como insensíveis e não verdadeiros na expressão amorosa.
A mesma coisa, podemos dizer de um homem, que conviveu até a fase adulta com uma mãe dominadora, autoritária e com doses especiais de opressão. Sua noção de mulher será ambivalente, pois, ora esse homem entende que precisa da mulher, e, ora elas o oprimem e cerceiam sua liberdade (física e pensamento).
É como se ao mesmo tempo ele desejasse carinho e proteção, do outro lado, ele se sentisse diminuído e desmerecido por essa mesma mulher. Confuso, não?
O fruto da experiência frustrante com os pais é a percepção infantil de que elas não podem confiar nas pessoas, e, acabam entrando na adolescência e na fase adulta com uma visão distorcida das pessoas. Serão crianças, que no futuro terão problemas e conflitos com figuras de autoridade (professores, policiais, supervisores, etc.).