Criança mais velha se ressente com a chegada do irmãozinho: a primeira reação é de contentamento e em seguida percebe que não será mais o centro das atenções da família.
O que está acontecendo?
Não se assuste é o velho e conhecido “ciúme”. É raro a criança não vivenciar esse sentimento.
A família passa a entoar um mantra diário: “mamãe vai lhe dar um companheiro para dividir as coisas e as brincadeiras em casa”; “o papai diz que com um irmãozinho eu nunca mais vou ficar sozinho”; “agora tudo é nosso”.
Mas quem disse que o pequeno pediu um irmãozinho?
De início, a gestação da mamãe é uma grande novidade. Todos ficam felizes, mas no fundo ninguém pediu a opinião da criança se realmente ela queria um irmãozinho e se ela quer passar do posto de rei para alguém que agora vai dividir o trono ” irmãmente”!
Na realidade não há como prever se a criança vai dar sinais que se sente ameaçada em perder seu posto de número “um” na família. Com frequência o filho mais velho tende a regredir e virar meio “nenezão” e os “se (s) tornam-se condicionais”.
Se a criança já deixou a fralda pode ser que ela tenha uma recaída. Se ela deixou o peito pode ser que ela solicite-o novamente. Se ela estava dormindo em sua caminha pode ser que ela peça para voltar para o berço. Se ela havia dispensado a chupeta e trocado por um ursinho marrom com carinha de maroto pode ser que ela a queira de volta. Se ela estava indo muito bem na escolinha pode ser que ela comece a fazer birra e chore na porta da escola e agarre em seu pescoço. Se ela tinha um apetite de leão pode ser que empurre o prato e lhe diga que prefere a sopinha da vovó. E assim vai…
Uma coisa é certa, a criança volta um pouquinho para trás para se sentir segura e perceber que seu mundo não desmoronou e que no fundo pode contar com seus pais amorosos e presentes.
O ciúme pode acontecer em qualquer fase da criança, ou seja, incide em qualquer idade. Entretanto, ele é mais aparente quando a criança está na faixa dos 2 ou 3 anos – é uma fase onde ela é ainda muito egocêntrica e o mundo gira em torno dos pais.
O ciúme, no fundo, é democrático: não tem preferência por sexo, raça, constituição familiar e etc. Ele chega de mansinho e acaba se instalando – sem ter dia ou hora para acabar.
Para a criança o seu mundo se transformou num caos. É como se de início ele tivesse tudo ao seu dispor e de um momento para outro existe uma “coisinha” que encanta a todos e lhe rouba muito da atenção e dos cuidados familiares, principalmente dos pais.
Como amenizar o processo?
Manter a calma é essencial – demonstre em atitudes simples que seu filho é muito importante para o casal e de preferência isso deve acontecer antes do bebê nascer. Solicite a ajuda dele para escolher as roupinhas e incentive-o a conversar com o irmão desde a barriga. Não deixe para fazer adaptações na casa após o nascimento do irmãozinho. Se tiver que fazer o faça durante a gestação, assim a criança vai se adaptando as mudanças gradualmente.
Coloque seu filho na escola antes do irmãozinho nascer. As mudanças graduais favorecem a auto-referência de seu filho e ele não vai pensar que esta sendo expulso de sua rotina, de seu espaço e que está perdendo suas coisas mais queridas.
Facilite o processo explicando que no momento o bebê precisa de mais cuidados e solicite a ajuda dele para coisas simples, como pegar fraldas ou creme para assadura. Reserve um tempo exclusivo para estar com seu filho mais velho, encare as “regressões” como acontecimento normal, eleve a autoestima de seu filho potencializando suas qualidades e vantagens em ser a criança mais velha e dê a ela responsabilidades, tais como, ajudar a colocar a mesa, guardar os brinquedos e deixar os chinelos do papai perto da cama.