Quantas vezes comentei com você, leitor, que a melhor maneira de resolver problemas relacionais é pela comunicação, em todas as suas formas (oral e gestual), respeitosa e empática.
Atente para o caso a seguir.
Paulo e Rosana são um casal que tem lutado para permanecer juntos e constituírem uma família bacana. Paulo é um trabalhador incansável e um pai muito dedicado. Rosana, por sua vez, está insatisfeita com sua vida profissional e quer a todo custo voltar a estudar. O casal acabou de ganhar uma filhinha e Paulo acha precoce Rosana deixar a filha na creche. Estão num período conturbado e a comunicação está abaixo de zero. As rusgas são intermináveis e as cobranças seguem nesse mesmo patamar. Rosana diz que Paulo se formou na faculdade por que ela lhe deu retaguarda financeira no início do casamento, e, que agora é a vez dele apoiá-la a sua volta ao estudo e na divisão das atividades no lar.
Por outro lado, Paulo afirma que Rosana fez o que fez devido a sua profissão ser mais rentável, e, assim ela encontrou uma maneira de dar as cartas e tê-lo sobre controle.
Há mais de quatro meses que o casal vive em total dissinergia!
Quem está certo e quem está errado? Pergunta simplista com cunho profundo e delicado. Uma situação que exige bom senso de ambas as partes para se resolver. Parece pontual, mas carrega em si um grande fardo de cobrança e ao mesmo tempo resignação.
Cara feia e grosserias na ponta da língua não vão resolver a questão, pelo contrário, corre-se o risco de cada um ir para um lado mesmo que juntos. Respeito, cordialidade, empatia e desejo de resolver o conflito pode ser o começo da solução.
Não posso garantir que o conflito foi originado pelo desejo de Rosana voltar a estudar precocemente. Parece que existe mais coisa por baixo do pano. Uma frustração pela provável solidão do novo ciclo de vida do casal – antes eles eram dois, agora são três. Outros motivos também podem estar encobertos pelo desanimo de falar sobre “as coisas de casal”.
Rosana sempre me pareceu uma moça desprendida que “investiu” o início da relação no sucesso de Paulo, sem questionar seus desejos e necessidades. O pior de tudo, Paulo não demonstrava sua gratidão pelos esforços de Rosana. Um casamento que foi se construindo na solidão dos pensamentos de um e de outro. Ninguém se questionou quem estava vivendo o sonho de quem, ou, onde estava cada um que não reconheceu seus próprios sonhos.
Deixar a vida rolar não é a melhor saída para manter um casamento. O diálogo ainda é a melhor das soluções. Chegar a acordos também é uma ótima saída para traçar o futuro.
Crie – Invente – tente formas diferentes de comunicação!
Talvez se Paulo e Rosana tivessem se perguntado, logo de início, o que seria importante para cada um e o que poderiam fazer dentro dos projetos em conjunto, o conflito atual não existiria e a conversa entre ambos estivesse fluindo com mais empatia.