Será que é possível superar uma infidelidade?
Quando as pessoas traem seus parceiros, parece que a primeira coisa que vem a cabeça é: “Eu não queria ter feito isso”; “Eu não sou assim, eu não costumo agir dessa maneira”; “Será que você pode me perdoar”?
Perdoar não é a questão. O mais importante de tudo é analisar se a convivência a dois vai ou não valer a pena, pois, se livrar da mágoa é uma coisa, a outra é continuar ou não com a pessoa que causou a mágoa e o ressentimento.
Sempre ouço de meus clientes, que perdoar é muito difícil, principalmente quem está ao nosso lado e era merecedor de toda nossa confiança. Perdoar é uma virtude para poucos.
Perdoar carrega em si um sentido de não revidar e de não se encapsular, para não deixar que o outro nos fira novamente. Não é acobertar ou passar por cima do erro do outro, e, muito menos fingir, que nada aconteceu.
Perdoar está na esfera da mudança. Da reciclagem de comportamentos, que irá beneficiar todos que estiveram envolvidos na traição. É algo mais transcendental.
Perdoar pode significar a abertura para novos tipos de relacionamentos e contratos afetivos. É uma sabedoria evoluída.
Seguir em frente num relacionamento, depois que a infidelidade aconteceu, é muito intimo e pessoal, pois, cada um sabe de suas limitações.
Tenho observado que as pessoas co-dependentes, ou seja, pessoas mais inseguras emocionalmente falando, tendem a manter a relação, e, não aproveitam a situação, para questionarem seus laços afetivos, suas formas de enxergarem o mundo e o outro.
“Perdoam” e não ressignificam o fato. Passam por cima de seus valores afetivos, e, não infrequentemente, deprimem, se angustiam, reagem com raiva, e, a autoestima fica comprometida.
A manutenção do casamento está assegurada mais na revanche do que no perdão, e, no desejo de construir uma relação madura e de confiabilidade.
O que fazer num “flagra” de infidelidade?
O melhor é esperar pelo equilíbrio emocional e afetivo. De início vem a dor da traição, a raiva por não ter sido respeitado e honrado, pouco tempo depois, vem o desejo de vingança, para mais tarde ainda, buscar forças para dar um novo sentido a vida.
É inegável que cada um reage de determinada maneira, mas uma coisa é comum a todos: o sofrimento de ter sido traído.
Quando o sofrimento se torna desproporcional e incontido a ajuda especializada pode alavancar atitudes e decisões, que estavam emaranhadas e acobertadas por desolamento e inquietude.
Quando a tempestade passa, e, os cônjuges decidem pela manutenção da relação, a grande tarefa passa a ser de reconstrução do relacionamento a dois, baseado no diálogo franco, aberto e sem preconceitos (de ambos os lados).
Melhorar a comunicação dual é a chave para reiniciar o processo de recasamento. É saber esperar o tempo sutil de cada um sem cobranças desmedidas, e, sem o rancor pelos erros cometidos.
Superar uma traição não é nada fácil. É para poucos. É para aqueles que ainda se sentem fascinados um pelo outro, e, que mediante um contrato mútuo de fidelidade não admitirão nenhum tipo de traição daqui para frente.