Quase sempre, o motivo dos gritos e destempero das crianças está associado a insegurança e a necessidade de atenção, entretanto, com firmeza e carinho, é possível modificar este tipo de atitude.
Outro dia, passeando por um shopping de Campinas, presenciei uma criança de cerca de 4 anos esperneando, gritando e sacolejando a roupa da mãe, para expressar seu intenso desejo por um brinquedo exposto numa linda vitrine de produtos infantis.
Não nego, que estas lojas são verdadeiras armas de sedução para as crianças e de destruição para os pais – elas nos forçam testar nossa paciência e o potencial de nossa conta bancária.
Não me desviando do assunto, observei muitas pessoas olhando para a criança com olhos de espanto e de repúdio, ao mesmo tempo em que comentavam baixinho: “acho que essa mãe não tem o mínimo controle sobre seu filho”; “criança mimada e mal educada é fogo”; “quando eu tiver um filho ele nunca fará isso, eu não permitirei” ; entre outras.
Embora esse tipo de comportamento infantil nos cause desconforto, ele é frequente, e, na maior parte das vezes, denuncia o quanto a criança precisa da atenção de seus pais.
É um canal de comunicação que a criança encontra, “de maneira torta e nada salutar”, para ser vista e ouvida, quando a comunicação familiar está truculenta, ou seja, a criança adota este tipo de atitude, como forma de fazer o adulto se voltar a ela. Infelizmente, os pais não conseguem de imediato fazer essa leitura, e, a resposta reflexa, é agir com hostilidade, e, às vezes puni-la.
A reação dos pais alimenta negativamente o comportamento dos filhos, este por sua vez agirá assim, na tentativa de manter um contato “torto” com os pais, portanto, ninguém consegue o que quer, e, a comunicação entre pais e filhos torna-se ansiogênica e animosa
Em sessão familiar, os pais ao iniciarem a conversa dizem que costumam ouvir e serem atenciosos com seus filhos, contudo, quando damos a palavra aos baixinhos, a queixa é sempre a mesma: eles não me ouvem, não têm tempo de me dar atenção, e, quando respondem, é quase sempre “amham…”. Resultado – pura carência!
O diálogo não para por aí. Os pais afirmam que isso não é verdade, que no fundo não sabem como lidar com a situação de constrangimento a que as crianças os expõem. Parece conversa de louco: um diz que dá e o outro afirma que não recebe!
O que podemos concluir de tudo é, que a criança está a dizer, que algo não vai bem com ela, e, que ela não sabe lidar com seus sentimentos (raiva, frustração, intolerância, entre outros).
O que pode estar por trás da atitude intempestiva da criança? Ela pode estar evidenciando que algo não está legal na relação familiar, ou, na escola.
O que fazer então? Tente ser mais flexível com seu filho – antes do “ataque” acontecer, explique a ele, o que vocês farão durante a ida ao shopping (ou supermercado, loja de conveniência, parquinho, cinema, etc), deixe bem claro, que você não vai comprar nenhum brinquedo, ou, outro produto, se mesmo assim, os gritos surgirem, procure mudar de ambiente e tente distraí-lo. Não perca tempo conversando ou apaziguando o problema em público, pois, a “emenda pode ficar pior que o soneto” – (lembra da retroalimentação do comportamento que falei acima?).
Em casa, depois que a situação se tranquilizar, converse com ele e diga que você não aprovou o comportamento dele e o por quê.
Por outro lado, toda vez que seu filho fizer algo positivo, o elogie, diga que você sente muito orgulho por ele fazer ou ter atitudes tão legais.