Sexo e intimidade andam juntos quando o assunto é relação duradoura.
Mas será que andam mesmo?
Imagine o seguinte diálogo:
Ela: E ai, você acha que eu estou mais solta?
Ele: Acho que ainda precisa melhorar mais!
Ela: Não foi bom?
Ele: Foi, mas podemos incrementar mais.
Ela: Penso que estamos no caminho. Pelo menos não somos como Márcia e Jorge!
Ele: Não vamos nos comparar, mas ainda temos um longo caminho!
Para alguns leitores, acredito que esse diálogo não está bem claro se ele se refere a intimidade sexual ou a algum outro assunto inespecífico. Talvez fosse um diálogo sobre performance num esporte.
Diálogos assim, pouco específicos e diretos, é o que costumo ouvir em minhas sessões com casais. Parece que falar de intimidade constrange e deixa os parceiros inibidos e desconfortáveis. Contudo, tenho observado que o que ajuda a aproximar os casais, seja no cotidiano ou após uma infidelidade, é falar abertamente sobre erotismo, sexo e uma parceria profunda.
Gottman (pesquisador americano da área de relacionamento) costuma afirmar que a devoção emocional melhora a vida sexual do casal e vice-versa. Alguns autores pensam que existe uma divisão entre Amor (afeição, carinho e confiança) e estar Apaixonado (sexo e romantismo), inferindo que o segredo da intimidade emocional duradoura é o distanciamento afetiva. Confuso, não?
Segundo esses autores, o fator “mistério” preveniria a monotonia sexual. A vida erótica do casal morreria quando os parceiros vestissem o famigerado pijama (para dormir) – nada mais “brochante”!
Pode ser que manter uma distância do parceiro deixe o sexo mais atrativo, porém, não é o que a maioria dos casais procuram. Pelo menos em minha casuística clínica. Os casais procuram uma boa vida erótica e com laço emocional de qualidade. Querem os dois atributos, sexo e afeto, direcionados ‘a mesma pessoa.
Não estou afirmando que os casais não merecem uma certa distância para preservarem sua individualidade. Isso é saudável e recomendável. Entretanto, faz parte do compartilhar uma proximidade sexual e afetiva compartilhada. Ambos completam, adubam e reasseguram continuamente a relação de boa parceria.
Usar uma roupa íntima e sensual ajuda a aquecer uma noite, mas “revelar-se” em sua essência, é o que mantém o amor e o desejo erotizado pelo outro. Claro que isso não é fácil, demora e demanda tempo, prática, persistência e muito senso de franqueza.
Não estou levantando uma bandeira contra o sexo impessoal, pautado na distância emocional. Parceria afetiva inclui dedicação e afeto sincero.
A vida, por si só, já promove alguns períodos de distanciamento afetivo: nascimento de um bebê – a mãe se torna mais devotada a sua pequena cria e o pai pode demandar mais horas trabalhando. O cansaço inicial da maternidade e o privar do sono esfria qualquer desejo sexual. Como se pode notar, distanciar é fácil. O difícil é manter a proximidade no dia a dia com tantas variáveis que surgem na vida do casal.
Quando o casal está conectado emocionalmente, fica mais fácil, apesar das adversidades (cansaço, problemas com filhos, problemas financeiros, etc,), encontrar um tempo e forças para encontros românticos e falar da intimidade.
O que mantém a conectividade relacional é combater o distanciamento afetivo e falar abertamente sobre desejos e necessidades de maneira clara e verdadeira!
E aí, como anda sua vida intima?