A deslealdade conjugal não é a única causa de uma batalha entre o casal.
Não privilegiar o parceiro pode ser o “start” para as diversas formas de trair, coçar e começar. Em resumo, esse tipo de casal, conforme texto anterior, são candidatos fortes para se manterem na “zona perigosa”.
Quando os cônjuges não percebem a importância que um tem para o outro, espaços vão sendo abertos dentro do eixo matrimonial. Ficam desconectados, brigam por motivos fúteis e seus olhos não são mais espelho amoroso de um para com o outro. Vivem comparando o parceiro negativamente.
Moral da história, o outro desvalorizado vai se sentindo inferiorizado e com muita raiva. A raiva pode ser expressa de forma subliminar e vai minando o contexto relacional de forma lenta e progressivamente.
A confiança mútua, o cuidado amoroso com o outro e o respeito vão esmaecendo e a sincronia entre ambos vira descompasso.
Onde as coisas iniciaram?
Quem começou a trair e coçar primeiro?
Pesquisas da área familiar sugerem que a decepção é o fator preponderante para as traições conjugais. Os casais desistem em mostrar suas reais necessidades e os conflitos vão sendo deslocados para áreas escondidas da relação.
Só isso? Parece simples!
Na realidade não é tão simplista assim, pois, a deslealdade ou traição pode aparecer sob diversas vestimentas, que fica difícil reconhecer até por quem as veste. Casais que não submergem de corpo e alma no relacionamento, corre o risco de deixar a balança afetiva muito desnivelada. São casais que permanecem na superficialidade conforme o tempo passa. Não encontram objetivos em comum, significados mútuos, evitam conflitos densos e o comprometimento entre eles é raso.
Quando as coisas não vão bem, é possível que um dos parceiros inicie amizades platônicas. Num primeiro momento não envolve sexo, mas com o tempo o desejo aparece como um chamamento para a traição e a admiração que estava morta no relacionamento passado é deslocada para o sujeito idealizado. Uma nova variável entra em cena – a mentira. Num primeiro momento, a mentira é só um pano de fundo para encobrir o desejo. Num segundo momento, ela se torna crônica, ou seja, negação em cima de negação. O outro é que imagina “coisas”!
A traição no casamento não fica por ai. Alguns parceiros fazem coluios com outras pessoas para atacar ou denegrir o cônjuge. Parece uma máfia relacional. O caso mais comum é o da sogra que se une ao filho contra a nora, esteja o filho certo ou não.
A distância e o gelo vão adubando as mágoas e tornam-se substratos poderosos para o sentimento de abandono do parceiro “traído”. Falar sobre os problemas ou a relação é assunto proibido. Um dos dois pode quebrar. Sem falar no termômetro sexual. A intimidade distante começa a promover o desejo de “coçar”. Prato cheio para mágoas, melindres, rejeição e inspiração para abortar o desejo de buscar o fio da meada. O desrespeito não fica de fora, os erros individuais são expostos com a maior facilidade e sem o mínimo de pudor. Esteja quem estiver por perto. Acusações e abuso emocional deterioram qualquer relação conjugal.
Pior que mentir, trair e coçar é quebrar os pactos de confiança estabelecidos no início do casamento ou da relação, pois, esses fenômenos deterioram a confiabilidade e reduz possibilidades de reparo. Retomar uma relação que está passando pelo “trair, coçar e está só começando” é um desafio para o casal e para os terapeutas que se dispõe a ajudar casais a vencerem suas infidelidades.