Cada um tem seu baú cheio de pensamentos, recordações, histórias de vida, e, por que não de segredos. Segredos, que podem estar guardados a sete chaves, e, ter sua origem, ou, fio da meada em nossas famílias de origem.
Convivemos com nossa família desde que nascemos (ou ainda desde o intraútero), e, muitas vezes, desconhecemos nossa própria história, não temos ciência das crenças, que vão sendo passadas de geração em geração, podemos até absorver tabus e preconceitos de forma tão passiva, que mal damos conta deles. São marcas no corpo e na alma que vamos desenhando e agregando para o resto de nossa vida, e, mal nos damos conta delas.
Quando passamos por momentos de crise, parece que de uma maneira, ou, de outra, o baú ameaça se abrir, romper com suas amarras e desnudar o presente, repleto de silêncios, crenças, sofrimentos, omissões, etc. É o passado e o presente em tempo real, aproveitando para traçar o futuro!
Parece que, a toda hora, estamos sob o domínio de encruzilhadas de histórias familiares e atualizações dessas histórias em nosso cotidiano. Calma leitor, não estou condenando o ser humano a uma crise do “tempo”, apenas chamando a atenção para o constante vai e vem de nossas dramáticas histórias familiares. Cada um ocupa sua cadeira na mesa da sala de jantar, e, acredite, que as decisões que tomamos hoje são fortemente influenciadas pelo nosso lugar nessa mesa.
Desbravar o ontem pode ser uma boa ferramenta para clarificar o nosso comportamento atual e para tomarmos decisões mais assertivas, algo como o famoso túnel do tempo.
Que tal visitar nossos antepassados e conhecermos nosso “eu primitivo”? Conhecer-nos sem limites, sem fechaduras e aberturas invisíveis. Ao entrarmos em nossa morada, conhecemos um pouco do porque fomos nomeados, conhecemos que posição cada membro ocupa na sala de jantar e os códigos de honra que pactuamos dentro do seio familiar.
Os códigos de honra vão direcionar nossas escolhas, sejam elas amorosas, profissionais, religiosas, sociais, entre outras, e, isso vai ocorrer de maneira particular e invisível, determinando até nossas vestimentas emocionais.
Códigos familiares (ou marcas) não nos oferecem apenas as vestimentas que usamos para nos protegermos do frio ou das intempéries familiares; as vestimentas podem vir acompanhadas de fantasmas e impregnadas também nas demais vestimentas de outros membros familiares, influenciando fortemente em nossas decisões e escolhas.
Tenho observado, que algumas famílias depositam em seus baús códigos e segredos, acreditando que ninguém os achará ou descobrirá seu conteúdo, pactuaram um silencio frio e distante, uma poção mágica capaz de esmaecer qualquer vestígio da “cena do crime”.
Esses segredos, fantasmas, códigos, ou, “crimes”, podem ser violados, e, virem à tona após uma tragédia familiar (morte, acidentes, separações) e desequilibrar o sistema hermético da família.
Penso que o “pulo do gato” para manter a nossa originalidade/essência é não esquecer de onde viemos. Olhar para trás e agradecer o que já superamos e olhar para frente e avançar um pouco mais, sem dar grandes saltos para depois não saber o que fazer com o que ficou entre um salto e outro. Lembrar que, embora, exista uma trama familiar com seus códigos de honra, cada ser integrante dessa rede e enredo familiar tem sua parcela de responsabilidade, e, como tal é protagonista das suas perdas e ganhos.
E você, tem se sentido enredado por seu código familiar ou tem sido protagonista de suas causas?
Crescemos numa rede invisível e cabe a nós mesmos estabelecermos o quanto essa rede vai nos aprisionar, ou, o quanto vamos permitir que ela se afrouxe para vivermos com mais flexibilidade, oxigênio e espontaneidade.