Todas nós temos bastante dúvidas em relação a muitas coisas na vida, mas raramente questionamos a situação vincular que se estabelece entre o feto (bebê) e sua mãe e mais tarde com o pai, irmãos e os outros membros da comunidade familiar.
Muito antes de seu nascimento e ainda no ambiente intrauterino, tem início a formação do vínculo entre a futura mamãe e seu bebê. Trata-se de um processo de comunicação tão complexo quanto sutil e que torna possível esta troca íntima e profunda.
Os conflitos emocionais da mãe são capazes de influenciar no feto ao ponto dele começar a elaborar progressivamente técnicas de defesa como dar pontapés, mexer-se mais ativamente, e que funcionam, para a sensibilidade materna, como um envio de mensagem de que está sendo perturbado. Se houver sintonia materno-fetal, imediatamente a futura mamãe capta esta mensagem e começa a passar a mão delicadamente em seu ventre, o que é percebido e decodificado pelo feto como atitude de compreensão, carinho e proteção, portanto, como tranquilizadora.
Com o decorrer do tempo, a experiência de desconforto transforma-se em emoção e tem início a formação de ideias sobre as intenções maternas em relação a si mesmo. Desta maneira, se a mãe for amorosa e tiver uma relação afetiva rica com seu bebê, contribuirá para que nasça uma criança confiante e segura de si.
Assim também, se mães deprimidas ou ambivalentes que, por uma razão qualquer, privam o feto de seu amor e apoio, certamente favorecerão o estado depressivo e a presença de neuroses na criança e que podem ser constatados após o nascimento, pois sua personalidade foi estruturada num clima de medo e angústia.
Como o feto capta todas as emoções maternas, as que o fazem entrar em sofrimento como a ansiedade, temor e incertezas, provocam-lhe reações mais fortes e contínuas, enquanto que as de alegria e felicidade, por não alterarem o ambiente intrauterino, permitem que seus movimentos permaneçam suaves e harmoniosos.
O feto sente o que a mãe sente, até como uma atitude de solidariedade, porém, com intensidade diferente e sem a compreensão materna. As emoções negativas são percebidas como um ataque a si próprio.
É fundamental lembrar que as preocupações passageiras e simples do cotidiano não lhe oferecem risco algum, pois sequer podem levar o organismo materno à produção de hormônios. O que o afeta e prejudica sobremodo são as situações que induzem à produção intensa e contínua de hormônios, como a ansiedade materna, que pode, inclusive provocar o estresse da mãe.
Os acontecimentos graves e estressantes como perdas significativas ou situações que atingem a gestante diretamente, como brigas conjugais ou com pessoas mais próximas, são causas de grande sofrimento fetal e, muitas vezes, não há como evitá-los.
Para diminuir os efeitos nocivos ao feto, a futura mamãe deve aumentar os períodos de descanso, oferecer-lhe apoio afetivo e conversar com ele, esclarecendo-o dos acontecimentos. Embora não haja compreensão das palavras, o feto capta o sentido do que lhe é dito e se tranquiliza. Assim, o vínculo mãe-bebê não é quebrado.
Assim sendo, se o vínculo materno-fetal não foi consolidado durante o período gestacional, há de se tentar nas horas e dias que sucedem ao nascimento, que é o período ideal na vida extrauterina e, se necessário, com a ajuda de um profissional capacitado.