Você já parou para refletir se você é capaz de identificar quando seu filho está estressado?
Alguns estudos tem mostrado que a maioria dos pais não estão preparados para detectar o estresse de seus filhos (National Survey / Web MD – webmd.com).
Os autores do estudo examinaram a resposta de questionários de 432 pais referente a filhos de 5 a 13 anos e observaram que esses progenitores estavam inábeis para tal tarefa.
72% dos pais observaram que seus filhos tinham comportamentos negativos do tipo: choro constante, irritabilidade e ansiedade. Além destes sintomas, os pequenos também se queixavam com frequência de dor de cabeça, dor de estômago, pesadelos e redução ou aumento do apetite. Todavia, os pais não relacionavam a queixa dos filhos a possibilidade deles estarem manifestando graus variados de estresse, ou seja, estarem estressados.
Precisamos lembrar que as crianças não costumam falar com clareza sobre seus sentimentos. Para elas é muito mais fácil sentir um desconforto físico e falar sobre eles: DOR!
Raramente você ouvirá um pequeno referindo estar sobrecarregado com atividades extracurriculares ou mesmo uma criança de 3 ou 5 anos dizendo que tem gastado muito tempo no transito entre uma atividade e outra. Essas crianças não conseguem dizer que estão precisando de mais calmaria e menos agenda lotada. Dificilmente elas dirão: “SOS estou estressado!”
Na verdade, eu ouvi a pouco tempo uma criança de 8 anos, em terapia familiar, dizendo aos pais que quase não os via durante a semana e que nos finais de semana ainda tinham que dividir o tempo livre entre almoçar no shopping e ter que visitar os avós e os tios. Esta mesma criança usou o termo estresse para mostrar sua indignação pela falta de tempo para conviverem em família – “eu estou estressado!” – “preciso ficar mais em casa e conversar com você!” – “quero brincar com meus amigos!”
Cabe aos pais observar atentamente o cotidiano de seus filhos e colher informações que os norteiem sobre a qualidade de vida de seus filhos:
- meu filho parece feliz – de bem com a vida?
- meu filho está tendo uma grade de atividades compatível com a sua idade?
- meu filho está tendo tempo suficiente para brincar e interagir com amigos?
- meu filho está tendo tempo para desfrutar do convívio familiar?
- meu filho tem tempo hábil para fazer sua lição de casa?
- eu tenho estado, enquanto pai e mãe, aberto para ouvir as demandas de meu filho e ponderá-las?
O estudo mencionado nesse texto mostrou também que as crianças, desde pequenas, são sobrecarregadas com tarefas de casa indicadas pela escola, mas o maior fator de estresse estava relacionado a própria influencia familiar.
As famílias estavam sem tempo suficiente para acolher as demandas dos próprios filhos, as famílias se comunicavam de maneira rápida e rude e as famílias eram pouco interativas.
Não acredito que nenhum pai ou mãe deseje que seu filho adoeça. Por adoecimento entenda as diversas desordens que existem nesse “mundão de Deus” e muito menos sejam acometidas pela patologia deste século, o estresse. Se não quisermos ter filhos estressados, precisaremos constantemente olhar no fundo dos olhos de nossos filhos, ouvi-los com atenção, escanear sua linguagem verbal e não verbal e com atitudes assertivas e carinhosas entender quando nossos filhos estão precisando de nossa ajuda e quando devemos reconsiderar certos deveres e obrigações.
A criança exposta com frequência ao estresse está predisposta ao desenvolvimento não só das doenças psicossomáticas (dores de cabeça, dor de estômago, diarreia, prisão de ventre, alergias, etc.), mas também das doenças emocionais (ansiedade, depressão, melancolia, fobias, etc.).
Portanto, reduzir o estresse infantil, oferecer um ambiente familiar adequado e estar atentos a mudança de comportamento de nossos filhos é primordial para qualquer família que se preocupa com a saúde mental de seus filhos.
Em se tratando de saúde física e mental, toda hora é hora de pensar sobre isso!