Você já parou para pensar em como é uma conversa em reunião de amigos?
Um está falando sobre futebol, outro sobre a perda de um parente querido, outro sobre a conquista de uma nova vaga de emprego, etc.
Pode não ser exatamente assim, mas os assuntos exibem alguma desconexão. As conversas se sobrepõem e ninguém escuta ou se aprofunda no papo. Parece que tudo, quase sempre, fica na superficialidade.
As falas são sobrepostas, pouco se ouve, muito se fala, e, minimamente se reflete sobre o que está sendo falado. Esse tipo de conversa foi denominado por Piaget (importante cientista do comportamento infantil) de “Monólogo Coletivo”. Nome bacana para representar o famoso “papo” superficial.
Papos superficiais e pouco interessantes acontecem entre casais também, e pode ser muito nocivo, pois, impede que os parceiros estabeleçam uma relação sólida. Superior seria estabelecer com nosso parceiro um diálogo aberto, franco, que propiciasse intimidade e conexão.
É novamente, afinar o instrumento de dentro para fora e de fora para dentro. É mostrar ao cônjuge, que ele é importante e muito valorizado por você.
Acredito que o leitor, ao ler este artigo, pode pensar que o diálogo aberto e em conexão não é fácil, e, que não passa de um conselho parecido com autoajuda. Tudo bem, pode até soar autoajuda, mas na verdade, o que estou propondo, não é algo criado por mim, mas sim, uma técnica que foi testada por outros terapeutas de família e casal.
A coisa começa de uma maneira simples – Apenas converse!
É o que chamamos de aquecer o diálogo. O aquecimento serve para introduzir outras fases para ajudar os casais a desvendarem o maravilhoso mundo interno do parceiro.
Tenho observado, no atendimento de casais, que iniciar uma conversa do cotidiano, com o famoso, “como foi seu dia”, é uma maneira de auxiliar o parceiro a ajustar o “dial” em relação ao seu companheiro.
O que fazer depois?
Respirar fundo, buscar dentro de si sentimentos positivos, pode ajudar muito. A maioria das pessoas apresenta dificuldade em nomear o que sente (alegria, tristeza, raiva, nojo, ódio, culpa, etc.), entretanto, procure traduzir o que você sente, em imagem mental, e, a partir disso, estabeleça um diálogo com seu parceiro. Essa é uma maneira simples e eficaz de começar a entender o mundo interno de seu cônjuge.
Procure desenvolver perguntas cujas respostas não se resumam a um breve e direto sim ou não!
Perguntas desse tipo propiciam a morte repentina e cruel do diálogo já na primeira resposta.
Consequência?
Falência do diálogo: mal começou e já terminou!
Se você está curioso sobre as novas técnicas para aprimorar o diálogo relacional, então não perca a próxima edição do Jornal Atibaia Hoje, onde daremos prosseguimento a matéria com outras dicas.
Na semana passada comentamos sobre como determinados casais apresentam alguma ou muita dificuldade em estabelecer um diálogo em conexão.
Um diálogo onde o parceiro se sinta ouvido, com a atenção, que ele merece, e, acima de tudo seja entendido com carinho. A partir daí, uma conversa bacana começa a fluir sem obstáculos ou desinteresse de ambas as partes, ou como falamos anteriormente, não passe de um papo furado! (Olá! Quero tanto conversar com você (Parte 1).
Introduzimos a importância dos casais não se restringirem a perguntas que terminem com um simples sim ou não, enfatizando, diálogos amplos e em boa sintonia.
E agora?
Qual seria o segundo passo?
Use a imaginação e estabeleça um diálogo aberto do tipo “E ai, como foi a sua reunião hoje? Foi produtiva”? Procure mostrar interesse pela resposta e “estique” o diálogo introduzindo comentários e perguntas: “Quem esteve na reunião? Eles trouxeram novas saídas para o problema, conforme você esperava”? Aproveite o momento e introduza questões que mobilizem os sentimentos, pois, isso ajuda a desenvolver a empatia e a amorosidade: “Você me parece triste, ou, pouco satisfeito com o resultado da reunião”!
Não deixe a peteca cair, lance mão de frases que aprofundem a sintonia entre o casal, ou, apenas reforce o que você percebeu sobre os sentimentos de seu parceiro: “Pelo que entendi, você realmente está insatisfeito com os resultados da reunião”! Diálogos abertos ajudam os casais a se conectarem de maneira mais eficiente, e, ao mesmo tempo, encoraja atitudes mútuas, um se interessar pelos sentimentos do outro.
O clima relacional, com a introdução dessas dicas já deve estar mais “aquecido”. Caso você perceba que seu parceiro está insatisfeito, triste e decepcionado com os resultados da reunião, permaneça ao lado dele (a) e evite criticas ou apontamentos. Apenas mostre acolhimento, e, que você entende o que ele (a) está sentindo.
Aproveite o momento de intimidade e aproxime seu corpo ao dele (a). Transmita energia e afeto.
Se você sentir um desejo incontrolável de dar conselhos, opiniões ou soluções milagrosas, segure sua boca, e, apenas demonstre compreensão. Só emita um parecer se for solicitado (a) e assim mesmo com parcimônia.
Procure encorajar o parceiro a se abrir, a falar de seus sentimentos/emoções, e, não busque soluções para tudo. Parece difícil, mas a empatia deve vir antes de qualquer opinião.
Facilitar a interação relacional é enriquecer o campo matrimonial e aprimorar as competências de comunicação, bem como, potencializar as habilidades para coibir conflitos de “escuta” e “fala” entre os parceiros.
Se você achou a matéria interessante, coloque as dicas em prática. Temos certeza que elas facilitarão seu cotidiano afetivo!