Raiva, birra, choro pode ser considerado tudo a mesma coisa?
Simbolizam apenas um ato de protesto das crianças quando algo as contradiz ou simplesmente se sentem frustradas?
Bem, as coisas não são tão simples assim. De primeira vista, aos olhos do adulto, esses comportamentos representam o mesmo e seguem caminho similar – um ataque de fúria infantil.
Raiva é uma emoção negativa que pode ser expressa num momento de mal estar ou de recusa a algo que incomode ou que cause frustração. A birra, por sua vez, é um clamor de choro sem justificativa, com tempero aditivo de protesto. Já o choro ou o choramingo é um lamento estridente e muito irritante para quem escuta e evidencia o “show time”.
Como é possível notar, passar um período infantil regado as três situações citadas acima não é nada fácil, demanda paciência e muitos recursos internos por parte do cuidador.
A tríade de mau comportamento (raiva, birra, choro) é mais comum de ser observada na fase dos dois anos, mas pode se prolongar até os quatro anos ou um pouquinho mais. Cada criança irá prevalecer em um ou mais recursos da tríade.
Se a maioria das crianças passa por essa fase, nada mais simples do que nos prepararmos para entendermos e sabermos lidar com ela. Adultos são reflexivos e sabem o poder das consequências, já as crianças são imaturas para lidar com tantas variáveis ao mesmo tempo. Por isso, elas precisam de um adulto para ajudá-las a modular suas emoções.
A tríade pode ser causada pela incapacidade da criança para expressar ou controlar suas emoções. Lidar com a negativa, com a fome, com a frustração, com a sede, com o sono não é fácil para nós adultos, imagine, então, para os pequenos que acabaram de chegar a esse nosso mundão de Deus.
Quando nos dispomos a ajudar nossos filhos a lidar com a raiva e a frustração parece que as coisas ficam mais claras e menos difusas no momento de resolver as questões. Acalmar a criança antes que o descontentamento vire raiva é o grande pulo do gato para evitar que a tríade toda se estabeleça. Se aprendermos a observar e a identificar precocemente os gatilhos da tríade, fatalmente poderemos minimizá-la ou até mesmo evitá-la. É uma forma de reduzir a negatividade e preponderar formas positivas de lidar com as adversidades do mundo infantil.
Quando o comportamento da criança e sua expressão facial começar dar sinais que estão saindo do “angelical” é hora de ascender a luz amarela e acionar o botão de “possíveis recursos positivos para lidar com a situação”.
E existe isso?
Grande parte das crianças acaba por demonstrar um mau comportamento por repetição de mesmos eventos anteriores. Elas são pragmáticas e repetitivas quando o assunto é vencer pelo cansaço. Quando atentamos para isso, somos capazes de “pegá-las antes da curva” e evitar a tríade.
Eu não descobri a eureca e muito menos estou sendo inovadora. Apenas estou sugerindo que você, nobre cuidador, faça o papel de adulto continente e amoroso na relação.
Por exemplo, se você perceber que seu filho está cansado ou superestimulado por “n” motivos, procure acalmá-lo, oferecendo um colinho aconchegante e uma atividade tranquila do tipo, uma contação de história ou uma música relaxante. Caso você experiencie, junto ao seu filho, uma crise de frustração, remova-o da fonte frustradora (loja, doce, brinquedo, etc) e use a distração como ferramenta para ele recuperar a calmaria e o bom senso. Lembre-se, você é o adulto que pode conte-la e acolhe-la!
Outro exemplo de nosso cotidiano com crianças é quando elas se recusam a obedecer uma solicitação. Evite elevar a voz ou usar de recursos que viole a integridade do pequeno. Diga que você entende que ela está triste e infeliz por ser contrariada, mas que ela precisa fazer a tarefa que você solicitou.
De início pode parecer difícil, pois estamos acostumados com uma educação autocrática, mas com o tempo você verá que a conciliação e a moderação são melhores do que o “faça por que eu estou mandando!”
Em nosso próximo post daremos algumas soluções práticas para lidar com a terrível e tenebrosa tríade!!