Se eu perguntar o que lhe remete a fotografia de uma linda criança, provavelmente você responderá: alegria, felicidade, vivacidade, esperança, renovação, entre outras
. Temos a tendência de nos sentirmos atraídos por crianças, principalmente, quando elas exibem doçura, meiguice, calmaria e desproteção.
Até agora tudo bem. O problema surge quando nos deparamos com essas mesmas crianças fora de uma situação idealizada. Quando as olhamos e vivenciamos sua forma de ser, sentir e existir no mundo real – com características peculiares e com temperamento e personalidade próprias. Crianças não são atrativas e meigas o tempo todo. Esse é nosso ponto crucial!
Elas apresentam suas características individuais e apreciam nos questionar para entender quem elas são e como o mundo se comporta ao redor delas. São verdadeiras cientistas políticas e filosóficas, testando a vida!
Cuidar das crianças no cotidiano do lar implica desafios constantes: amor, rotina, carinho, organização, broncas, limites, zelo e etc. Crianças pequenas exigem muito de nossas habilidades como pais, cientes de sua missão como educadores de seus filhos. Conviver em harmonia pode ser uma aventura “off Road” – cheia de altos e baixos, de prazer e desprazer, de ganhos e alguma frustração. A final de contas não somos pais perfeitos. Somos seres humanos que estão tentando fazer o melhor por seus filhos, cujo objetivo primordial é zelar para que sejam bons cidadãos e felizes no mundo que estão inseridos.
Vivemos num redemoinho de circunstâncias – estamos sempre tentando conduzir o barco da melhor forma possível, e, nesse redemoinho, muitas vezes, esquecemos ou não atentamos com cuidado o quanto é importante viver o presente com nossos filhos e desfrutar do aqui agora com eles.
Queremos chegar ao fim do dia com a consciência de que fizemos o nosso melhor. Que cumprimos as metas estabelecidas para o dia. Todavia, não percebemos que estamos apenas “tocando” mais um dia. Cobramos boa alimentação das crianças, asseguramos que a casa está organizada, nos satisfazemos em analisar que profissionalmente fizemos nosso melhor e ao final do dia já estamos ávidos pelo sonho de uma boa noite de sono para recomeçar o próximo dia – parece que sempre estamos conectados no botão do automático. E como tal, acabamos exigindo o mesmo de nossos filhos e automaticamente eles acordarão bem humorados, educados, organizados e disponíveis para ouvir nossas orientações e recomendações. As vezes, eu me pergunto: quem vive na fase do faz de contas?
As crianças, assim como nós adultos, quando finalizam seu dia podem estar cansadas e pouco tolerantes a cobranças. O que elas mais gostariam é de serem abastecidas de carinho, atenção e uma boa dose de humor. Será que ao invés de chegarmos ao final do dia com um “check list” na mente de coisas a fazer, não poderíamos, simplesmente, reservar trinta minutos para alimentarmos nossos filhos de atenção exclusiva?!
Poderíamos esquecer, nessa meia hora, do jantar, do sonar para coisas a fazer, dos problemas do cotidiano, das frustrações do trabalho e até mesmo de alguma rusga de casal, para vivenciarmos com empatia nossos filhos.
Tenho certeza que as crianças agradeceriam muito por esse cuidado especial, se sentiriam prestigiadas e valorizadas por terem pais que as olham e as escutam de corpo e alma, e, principalmente por que as ensinam que no lar as pessoas são o foco mais valoroso do mundo.