Tenho observado que não só os conflitos do cotidiano podem afetar as crianças, mas também o humor de seus pais.
Pais pouco sensíveis, pouco disponíveis, e, com humor questionável, podem se distanciar de seus filhos, e, dificultar o entendimento dentro da família.
Pais, com algum grau de depressão, apresentam dificuldade em manter um diálogo em conexão com as crianças, pois, perdem muito da sutileza em detectar as necessidades afetivas básicas e ao mesmo tempo aparece um encurtamento da demonstração de afeto e sentimentos.
Alguns trabalhos têm demonstrado que a depressão paterna promove um isolamento importante dos filhos. Em contrapartida, a mãe se sente compelida em compensar o “distanciamento” do pai, se aproximando mais das crianças na tentativa de suprir a figura paterna.
Esses mesmo estudos apontam para os efeitos colaterais, que as relações conjugais tensas, podem desempenhar dentro da família. A criança pode sofrer quieta com o problema, e, os pais, por sua vez, deixam de perceber as necessidades reais da infância (emocionais e atividades gerais de vida diária).
O mais interessante é que esses mesmos estudos demonstraram que a depressão paterna acaba tendo um efeito peculiar no casamento. Além de sobrecarregar a esposa nos cuidados com os filhos, essas mesmas mulheres apresentam a tendência em compartimentalizar seus sentimentos, sublimando suas reais necessidades e desejos. Ao mesmo tempo em que se tornam criticas em demasia com seu parceiro e costumam privar as crianças dos problemas mais simples do cotidiano.
Outro dado interessante é, que pais deprimidos podem se sentir mais inseguros em relação ao próprio matrimônio, e, por isso, têm mais dificuldade em se apegar aos filhos, com o receio de uma eventual separação de suas companheiras.
A importância do trabalho foi apontar para as diferentes formas de reação no comportamento de um dos cônjuges, frente à depressão, perante os filhos, e, que as crianças não saem ilesas da depressão de um dos pais.
Mesmo a mãe tentando compensar o vinculo friável dos pais com os filhos, durante estados depressivos, é provável que as crianças sofram com o distanciamento emocional do progenitor, e, isso possa atuar como fator estressante, de maneira a favorecer sintomas de ordem social e psicossomática: indisciplina, dificuldade de interação social, alergias, dores de barriga, dor de cabeça, entre outros.
Uma coisa é certa, se a depressão entre um dos parceiros é corrente e os conflitos relacionais são tamponados por um dos cônjuges é provável que um dia as crianças apresentem a conta aos pais.