Fale com seu filho de maneira que ele lhe entenda. Entretanto, falar não é sinônimo de compreensão e comunicação!
Existem certos momentos em que , nós pais, saímos do giro e não estamos muito dispostos a brincar, cobrar uma regra previamente proposta ou estabelecida ou até mesmo corrigir distorções na educação das crianças. O cansaço fala mais alto!
Certa vez, atendi uma mãe que relatou que a primeira vez que ela foi para o cantinho do pensamento ela tinha cerca de 3 anos. Ela entendeu que sua ida para esse local representava “problemas” – que algo ruim ela devia ter feito e ela estaria impedida, enquanto estivesse de castigo, de brincar com seus brinquedos prediletos ou folear seu livro preferido – ela deveria ficar ali, quieta e olhando para o nada – se é que o nada existe.
A frequência com que ela ia para o “cantinho do pensamento” não era tão elevada, mas para ela era algo estranho – não era bom, mas também parecia sem propósito. Lembre-se, ela só tinha 3 anos.
Durante o atendimento terapêutico, houve momento de reflexão onde ela mesma chegou a conclusão de que a chave de tudo residia na comunicação.
Que a comunicação incluía a relação positiva entre ela e seus pais. Parece elementar e de nada se assemelha a “um pulo do gato’. Contudo, o que chegava em seu coração era algo do tipo: fiz algo errado e já sei o que vai acontecer; castigo, grito, alguns tapas e nem sempre nesta ordem.
Será que existiria uma maneira alternativa de educarmos as crianças sem ser tão simplista assim (erro x castigo) e tão pouco amoroso?
Nos últimos tempos temos tido recursos bem interessantes como a psicologia positiva e a comunicação não violenta.
Estamos acostumados, na educação das crianças, a reproduzir alguns modelos, tais como, a educação que recebemos de nossos pais, aquilo que está na moda, ou outras não menos enfatizantes. Não estou querendo criticar ou contraindicar qualquer forma de educar os filhos. Apenas trazer à luz formas diferentes de abordar as crianças, que podem trazer bons resultados e de uma maneira mais amorosa, reflexiva e eficiente.
Assim, poderíamos pensar em algumas estratégias para abordarmos nossos filhos que pudessem frear um comportamento inadequado, mas que também fosse capaz de trazer benefícios as crianças e aos pais. Benefício no sentido de não perder o respeito mútuo.
1- Nunca é tarde para utilizar formas positivas de comunicação
Exemplo: uma criança de 2 ou 3 anos nem sempre “para” um comportamento inadequado quando a atenção lhe é chamada. Será que vale a pena gritar, bater, por de castigo sem antes ter tentado formas mais assertivas de comunicação?
Que tal sentar perto da criança, olhar olho no olho, sem assimetria e explicar o que está errado e como ela deveria fazer da próxima vez? Até mesmo, distraí-la com outras atividades instigantes.
2- Ouvir com atenção a criança
Você acha realmente que tudo que seu filho faz de errado é só para chamar sua atenção?
Eu sei que nosso dia é recheado de coisas a fazer, de atitudes para tomar e de atividades pessoais indelegáveis. Todavia, como pais temos que achar “ouvido” e paciência para entender a linguagem verbal e não verbal das crianças.
As crianças querem e precisam ser ouvidas para aprenderem a realizar e a expressar seus sentimentos e assim, construírem seus comportamentos. Mas como elas podem saber se elas estão no caminho certo se nem sempre elas encontram um adulto continente para realizar este trabalho? A única maneira de criar uma plataforma conectiva é por meio da atenção sustentada. Ouvir – enxergar – falar – comunicar!
Precisamos ter uma conversa atenciosa e positiva com os pequenos, e, isso pode ser feito na hora das refeições, no caminho das compras ou da escola, na hora do banho ou em outro momento de “doação de tempo de qualidade” – onde eu estou entregue de corpo e alma para meu filho.
Ouvir nossos filhos falar sobre coisas sem sentido também faz parte do dar espaço a comunicação positiva. Falar sobre besteirinhas, sobre brinquedos, sobre as nuvens do céu, são maneiras de se comunicar e estar junto.
3- Quem pede desculpas para quem
Como pais estamos sempre querendo que nossos filhos sejam educados e se acostumem a pedir desculpas quando algo nos parece errado ou inconveniente. Nós pedimos que eles se desculpem conosco, com os coleguinhas, com os professores ou com outro adulto qualquer. Todavia, como pais, nós nos esquecemos de praticar aquilo que cobramos de nossos filhos na arte de pedir desculpas!
Exemplo: quando nossos filhos gritam conosco nos dando uma negativa fora de hora ou de contexto, imediatamente temos a tendência de nos irritar, e, provavelmente vamos revidar na mesma moeda. Uma alternativa para controlar o nosso ‘tempero” seria a técnica de respirar fundo, contar até 10 e enxergarmos a nossa frente uma criança realmente de 2 , 3 anos e ,então, sentarmos junto com a criança e dizer-lhe que sentimos muito termos falado de maneira rude. Explicamos por que estamos “bravos” e que o que ela fez nos deixou muito irritado.
Esse tipo de conversa não só serve para suavizar a criança, mas também ajuda os pequenos a entender que nós também erramos e sabemos pedir desculpas.
4- Esqueça…
Quando eu era criança minha mãe costumava brigar comigo quando eu fazia algo errado e junto com a bronca vinha um período onde ela me colocava no “freezer” – ela me dava uma gelada – evitava olhar nos meus olhos, não falava comigo e quando eu perguntava algo a resposta era do tipo sim ou não. Quando isso acontecia, eu logo pensava; “acho que pisei no tomate”!.
Não vou afirmar que ela estava toda certa ou toda errada. Contudo, a comunicação após a transgressão é fundamental para assegurar a boa comunicação.
Na faixa dos 3 anos é importante que após uma bronca os pais enfatizem o comportamento inadequado e não a sua pessoa. Os pais devem dizer para s crianças que a entende, que ela agiu de maneira inadequada e que vocês esperam que o comportamento não recorra (embora você saiba que a criança vai se comportar mal novamente – faz parte de seu processo de maturação, e o seu, como pai, de correção) e que você a perdoa.
Conversou com a criança, aplicou a censura que você acha correto, se entenderam, agora esqueça e ande para frente. Nada de manter a criança no freezer como minha mãe fazia. Isso não é produtivo. A criança fica no “limbo” muito tempo. Lembre-se, estamos falando de crianças pequenas!
A criança sentir que é perdoada após um erro conversado e reparado, ajuda-a a desenvolver responsabilidade, confiança e empatia; qualidades essas essenciais para a vida futura.
5- Eu amo voce
Quem não gosta de se sentir amado e importante para alguém? No caso das crianças, esse alguém são os pais.
As crianças apreciam muito ouvir de seus pais que eles as amam. Costume fazer a afirmativa “eu amo você” ao deixarem as crianças na escola, antes de dormir ou antes de alguma atividade importante para elas (apresentação de esporte ou arte, ir dormir na casa de um parente ou outra que você assim o julgar).
Outra forma indireta de dizer “eu amo você” é mantendo um canal aberto para ouvir as demandas de seu filho ou após a correção de um erro praticado pela criança. Atender as necessidades afetivas também é dizer “eu amo você”!
6- Considere
Seja atento enquanto pai e mãe. Da mesma maneira que você sabe o que funciona bacana na educação de seu filho, tome nota do que não funciona para você não repetir e se frustrar depois. Nós adultos também aprendemos com os erros.
Seja consistente! Não espere que o que você implementou hoje não precisará de reforço ou adaptação amanhã.
Não tenha medo de rever conceitos sobre você, enquanto pai e mãe. O que você considerar um sucesso na prática com seu filho, mantenha. O que você considerou como inadequado ou falho, mesmo que os outros digam que esta conduta está na moda, reflita! Procure embasamento em fontes confiáveis e siga também sua intuição.
7- Reforce
Toda vez que seu filho tiver uma atitude positiva ou um comportamento saudável, o parabenize, celebre o bom comportamento com beijo, afago e uma brincadeira (brincar ao ar livre, fazer uma pintura, imitar o som dos animais, montar um quebra-cabeça, brincar com Lego, etc.).
Pra concluir, lembre-se sempre do slogam “a comunicação é a alma do negócio”, e por negócio, entenda a educação dos filhos!