Os estudos têm mostrado que não importa o tempo de vida do bebê, mas a base da prática com recém-nascidos é esta: o bebê tenta dar sentido ao que vive, sejam quais forem as condições de seu nascimento, num momento em que tudo é novo para ele nesse meio aéreo em que ainda lhe custa deslanchar (M Szejer).
Vamos refletir sobre alguns partos prematuros (bebês de mais ou menos 24 semanas de gestação) são muitas vezes viáveis do ponto de vista médico, mas evidentemente necessitam de cuidados permanentes que não podem ser oferecidos por suas mães.
Eles são encaminhados para unidades especializadas de neonatologia, onde TUDO é muito especializado mesmo! E suas mães? As mães aguardam sozinhas em seus quartos ou em suas casas – realizando o maior número de fantasias possíveis (boas e ruins).
E as visitas como ficam? E os cuidados de uma mãe para com seu bebê, como exercê-los ou praticá-los? Winnicott (psicanalista Inglês) sempre ressaltou a importância da “preocupação materna primária” – ou seja, uma função que permite que a mãezinha vá se identificando desde o final da gestação com seu bebê e se adaptando a ele de maneira lenta e gradual.
Pergunto então como ficam essas mães … Procuro explicar a elas que essas crianças prematuras, mais ainda que as outras, precisam da presença da mãe e do pai. Explico que esses bebês são sensíveis a presença deles e na verdade os reconhecem. Reconhecem! Mas como? Conto a elas que pesquisas com recém-nascidos têm demonstrado que eles reconhecem a voz da mãe entre outras cem, isto porque eles possuem uma memória do timbre e da freqüência baixa da voz materna e paterna.
Conto ainda o quanto esses bebês discernem o odor corporal da mãe, o sabor de seu leite e o ruído corporal interno de seu corpo (Dolto). Procuro explicar que a maneira como elas falam com seu bebê lhes dão nexo e como é importante para esses bebês serem nomeados, tocados, acariciados e ”falados”.
Falo ainda o quanto é importante para esses bebês conhecerem sua historinha de vida para que lentamente possam dar um sentido a sua existência e a construção de sua pessoa. Eu não tenho dúvida que em condições normais, a maioria das mães fazem isso e o fazem sem mesmo perceber. Fazem no ritmo do “balanceio” – do embalar. É como se fosse intuitivo. Porém, as mães com filhos hospitalizados e prematuros, acreditam que eles não vão se importar muito com sua história passada e que a “medicalização” é mais importante no momento, pois salva vidas.
Não negamos a tecnologia medicinal, mas não podemos deixar de comentar que as crianças que permanecem muito tempo nessas circunstâncias, podem sofrer de um vazio – vazio este que pode lhes acompanhar para o resto de suas vidas. Assim, quando não há contra-indicação, sugiro aos pais, ir visitar seu bebê, cantar para eles, caso lhes de vontade, conversar com o nenê, acariciá-lo, já que não podem ministrar-lhe cuidados.
Procuro mostrar aos pais a perceber quando o bebê abre os olhos e busca comunicação ou quando, ao contrário, estão cansados e querem repousar. Ficar ao lado dele nesta hora é zelar seu soninho e dizer que estão ali para o que der e vier. È segurança e conforto que estamos passando para a criançinha tão tenra.
Com tudo que tenho aprendido nesta jornada com bebês, tenho observado que tanto os nenês como os pais precisam de ajuda psicológica frente ‘a prematuridade e isto é prevenção – é saúde mental pensada e repensada desde o começo (da vida fora do útero).
Quando asseguramos condições, mesmo que de certa forma limitada, aos bebes prematuros, estamos procurando favorecer precocemente o vínculo mãe-bebê, reduzir o estresse neonatal e as seqüelas que uma separação prolongada pode proporcionar a ambos.
Estamos promovendo um diálogo amoroso entre os pais e o seu bebezinho e acima de tudo, facilitando o processo de como ser uma boa mãe (ou pai), como fazer uma maternagem e uma paternagem identificada e procurar de certa maneira assegurar os elementos primordiais que contribuem para o desenvolvimento do bebê – o afeto