Qual pai ou mãe não está preocupado com o sucesso de seu filho. Pensamos como poderemos contribuir para nossa prole se desenvolver com saúde, dignidade, poder usufruir de um futuro próspero e feliz.
Não raro nos pegamos superprotegendo as crianças, tentando poupá-las de sofrimentos e frustrações. Inconscientemente lhes negamos a autonomia, responsabilidades e competências, que os auxiliam para o desenvolvimento de uma vida produtiva e auto suficiente.
Esquecemos que é muito difícil construir valores sem praticá-los. De nada adianta fazermos um “rosário” de você deve fazer isso e aquilo, se nós, pais, não damos o exemplo, ou, muito menos nosso discurso não combina com a prática.
Outro dia, lendo um capítulo de um livro de autoria de John Medina, um neuro cientista infantil, que afirma, que para termos filhos bem sucedidos precisamos, antes de tudo, educa-los com habilidade, perseverança, carinho e concentração. Os filhos são como águias, observam tudo e a todos, porém, ainda não têm maturidade para fazer um julgamento racional e coerente.
A partir disso, o autor sugere que tenhamos como cerne no processo educativo de nossos filhos alguns aspectos muito importantes, e dentre eles podemos citar a responsabilidade, a conquista da autonomia, a empatia, a meritocracia, a gratidão, e, as competências para lidarmos com as frustrações.
As mães atuais (assim como os pais) não têm muito tempo para dispor aos seus filhos. Sua jornada de trabalho é interminável, e o gás, para estar de corpo e alma com as crianças, parece estar sempre na reserva. Assim sendo, parece mais fácil adiantar as atividades domésticas e fazer o trabalho pelos filhos, tais como, guardar os brinquedos, organizar o armário dos pequenos, colocar a comida no prato, e, outras ações que rompem o hábito das crianças para lutarem e conquistarem sua autonomia. A criança que pega um objeto de uma prateleira tem condições de guardá-lo. De início demonstramos como fazer, depois fazemos juntos, e, com o tempo podemos cobrar o procedimento.
Temos muita dificuldade em aceitar os erros da turminha. Ajudamos a fazer a lição de casa dos pequenos com dedicação e sempre procuramos uma solução. Não deixamos que eles errem e sejam corrigidos pelos professores. Nós mesmos não damos uma chance aos professores de identificarem onde as crianças precisam de reforço ou devam ser corrigidas. Estamos sempre um passo a frente. Ao “ajudarmos” as crianças a fazer a lição, reduzimos sua curiosidade, deixamos de instigá-las a buscar novas saídas e retiramos constantemente os obstáculos a serem superados.
O mundo atual também não tem ajudado muito, pois, estamos cada vez mais individualistas, pouco olhamos para os lados e atentamos para as necessidades de nosso vizinho. Vivemos de um modo egocêntrico, cobramos nossos filhos para que sejam altruístas, emprestem seus brinquedos ao coleguinha e percebam como tem pessoas que vivem com muito pouco. Cobramos empatia das crianças se não a exercitamos. Como adultos, o se colocar no lugar do outro, e, perceber como ele se sente, pode ser friável até dentro de casa. Ainda estamos presos a tabus, preconceitos e casualidades. Filho bem sucedido é igual à filho feliz.
Temos a pré-concepção, de que para as crianças serem felizes, elas precisam ter tudo do bom e do melhor e que nada pode faltar. Os pais contemporâneos viciam as crianças no ter, e não no ser. As crianças precisam ter tudo. É uma matemática desonesta, pois, presentes e mimos não suprem a presença amorosa e responsável dos pais. Quando premiamos as crianças, sem o devido mérito, corremos o risco de criar crianças mimadas, que não sabem dar valor ao empenho pessoal ou de outrem, e as cobranças, com certeza, serão intermináveis.
Atolar as crianças com presentes não as farão mais felizes e realizadas. É preciso ensiná-las a serem gratas, e isso pode ser ensinado, pelo exemplo no cotidiano dos pais, principalmente, a partir das palavrinhas mágicas: por favor, e, muito obrigado.
É dever dos pais ajudar seus filhos a lidar e a superar seus medos. Para fazer isso, precisamos de pais presentes, com tempo para dialogar com seus filhos, trocar ideias, demonstrar seus sentimentos, afetos, reconhecer que todos precisam de ajuda em algum momento da vida.