Os bebês vão desenvolvendo sua personalidade a medida que seu desenvolvimento biopsicossocial decorre.
Uma etapa por vez e sem rigidez, por favor!
Se as coisas vão acontecendo de maneira integrada, não podemos ficar fixos a regras, ou seja; todo bebê senta aos 6 meses, todo bebê está apto para ser desfraldado aos 18 meses e assim por diante.
O desenvolvimento do bebê é estruturado em cima de fases, e, normalmente essas fases são flexíveis. Do contrário, todo bebê que não correspondesse a um marco fixo, seria considerado anormal.
Meu deus, que medo!
Os bebês desde a sua concepção, são únicos, valorosos e especiais. Recebem geneticamente influencias que vão determinar suas expectativas em relação ao nosso “mundão” de Deus – influências relacionadas aos sentimentos, emoções e maneiras singulares de reagir aos estados emocionais de seus cuidadores. Como é possível notar, os bebês já nascem providos de muitas competências.
A história de vida do bebê começa muito antes de seu nascimento. A história de uma criança começa com os planos de seus progenitores em se tornarem pais, e, sendo mais longínquo, a história desse bebê pode ter começado com seus avós mais distantes. A final somos influenciados por nossa transgeracionalidade. Lindo, não?
É mais evidente, no entanto, que os cuidados imediatos farão toda a diferença na vida dos pequenos. Ter disponível os braços macios e devotados da mãe, o amor e a compreensão do pai em proteger essa mãe contra os “pitacos” das comadres e uma rede de apoio para a puérpera, são aditivos importantes para assegurar a saúde física e emocional da dupla mãe-bebê.
Muitas pessoas olham para um bebezinho e acreditam que tudo que ele faz é por reflexo (resposta automática). Na realidade, o recém-nascido é dotado de muita sensibilidade e de um psiquismo, capaz de diferenciar dor de satisfação/prazer.
Ficar com a barriguinha vazia dói na alma e no estômago, porém, receber o seio farto, o leite morninho e o amor da mãe, o abastece de completude e segurança.
A criança desde o intraútero até seus primeiros anos de vida precisa de sua mãe para sobreviver. De início essa dependência é absoluta, e, com o tempo se estabelece uma dependência relativa. É por intermédio da construção mãe e filho (ou cuidador) que a criança vai tecendo sua forma de se relacionar e de estabelecer contatos.
Quando o bebê tem suas necessidades mais primitivas atendidas de maneira harmoniosa, ele se sente acolhido, seguro e amado. Como dizia Winnicott (psicanalista infantil), nessa dança íntima entre mãe e bebê, a mãe sabe intuitivamente, qual é a necessidade mais urgente em determinado momento, e dessa maneira evita uma desorganização no mundo interno do bebê. Essa dança tem nome – vínculo positivo – apego seguro.
Além da sobrevivência, existe outra função da “dança” entre a mãe e seu filho?
Claro que sim!
Quando o bebê se vincula positivamente ao seu cuidador, isso lhe permite reconhecer que alguém lhe proporcionou um bom começo e que seu valor é acolhido pelo ambiente. Essa é a base da consolidação da personalidade, quando falamos de segurança e autoestima.
É claro que as coisas não são tão simples como mencionei. Esse processo todo demanda tempo, dedicação, devoção e doses elevadas de paciência e muito amor. São fases que vão do grude total entre a mãe e seu filho, passando por outras fases de desprendimento gradual, até o bebê entender que ele é uma pessoa inteira e separada de sua mãe – o famoso “Eu sou”!
Até lá tem muita lenha para queimar!