Quando o homem começou a brincar?
O homem começou a brincar a partir do momento que ele foi se constituindo como sujeito.
Como um ser existente no universo e em contato com o meio ao seu redor.
A criança desde o intraútero já “brinca”.
Brinca com o cordão umbilical, lambe a placenta, rodopia movimentos graciosos e ensaia movimentos de repetição e sucção. Toca suas mãozinhas, leva a boca seus dedinhos e se distrai com os movimentos da mamãe, com a luz do lado de fora e percebe a melodia e a voz emanada pela mãe ou pelo lado externo do ventre. São formas primárias de jogo e brincadeira.
O bebê ao nascer também inicia um processo ou ensaio de brincadeiras. Ao emitir sons delicados ele insita sua mãe a olhar para ele e iniciar uma conversa – é o início do jogo mãe e filho.
Durante a mamada o bebê se desgruda do seio, sorri, lança alguns “balbuceios” e retoma a mamada. É outra forma de brincadeira. É um jogo sutil entre mãe e filho.
Adão e Eva também brincavam no paraíso. A melhor brincadeira foi a da maçã. Um jogo que custou ao mundo a saída do paraíso, mas também a perpetuação da espécie humana, segundo a visão bíblica.
Os homens primordiais também brincavam.
Brincavam a sua maneira. Subiam em árvores para colher frutos, programavam suas caçadas, coçavam um a cabeça do outro e assim o tempo passava.
O lúdico pode existir na forma de brincadeira espontâneas e de jogos. O que importa é como as crianças liberam sua imaginação, criatividade e fantasia. Como elas transportam seu mundo interno para o externo e vice-versa.
Brincar sempre foi de interesse e curiosidade do homem. A psicanálise deu muita importância a isso. Freud, Melanie Klein, Winnicott e outros autores nos confronta com a evidência de que são os mesmos mecanismos os que operam na formação da subjetividade e na patologia, na saúde e na doença. Assim, observaram que por meio da brincadeira o indivíduo expressa suas fantasias mais profundas miscigenadas com os diversos tipos de afetos e sentimentos.
Freud no início dos anos de 1900 se interessou pelo brincar – pelo jogo do carretel, simbolizando o inconsciente e a permanência do objeto de amor. Logo depois, Melanie Klein contrapôs as brincadeiras de carrinho dos meninos com a cena primária. Ana Freud já tinha uma visão mais pedagógica do brincar (a brincadeira poderia ser dirigida). Não muito mais tarde surge DW Winnicott, o qual desenvolveu uma grande brincadeira com seus pequenos pacientes por meio do jogo do rabisco – qualquer um pode começar e não existe regras. Outros psicanalistas foram cada vez mais se aprofundando no brincar e a realidade – a fantasia, a imaginação e os sentimentos das crianças.
A partir do século 19 os pesquisadores queriam entender a importância do brincar com uma visão mais acadêmica (comprobatória). Estudiosos do assunto como, Wallon, Piaget, Vygotsky se dedicaram a isso e a conclusão que chegaram foi que boa parte da comunicação das crianças com o ambiente se dá por meio da brincadeira, experienciando assim a vida, a cultura e a arte.
A criança baseia a brincadeira no afeto e no movimento e, portanto, desenvolve a aprendizagem e o interesse pela vida.
A criança brinca para aprender ou ela aprende para brincar?
Provavelmente os dois!!