Existe um ditado que diz assim ou mais ou menos assim: “ nenhum dedo das mãos é igual ao outro”. Pois bem, nenhum filho é igual ao outro e muito menos igual ao seu coleguinha.
Filho é único e até o momento não duplicável físico e emocionalmente falando. Comparar irmãos ou colegas é perda de tempo. É claro que existem semelhanças e um impulso “danado” em fazê-lo.
Faz parte da trajetória humana para nos sentirmos normais dentro das semelhanças e diferenças.
Quando comparamos nossos filhos, entre si ou entre outros, geramos muita pressão nas crianças. É como se a “nota de corte” dela tivesse sempre que ser acima da média – sem permissão para falhas, equívocos ou erros. Ajustes e arranjos nem pensar!
Fazemos isso sem perceber. Fazemos em nosso dia a dia. Comparamos altura, desenvoltura física e cognitiva, aptidões, temperamento, personalidade, etc. – Nossos filhos estão sempre na berlinda. Tudo isso para nos sentirmos competentes e no caminho certo.
Criamos ansiedades para eles (filhos) e em nós mesmos. A criança quando percebe que é motivo de comparações, ela liga o botão do … “e agora”?!
Como resposta sua ansiedade dispara, sente que precisa correr para alcançar o ideal familiar e que suas realizações, até o momento, são frágeis, pouco vistas e valorizadas. Será que realmente sou amado? Estou fazendo tudo direitinho para ter o carinho e admiração de meus pais? A criança vai perdendo sua espontaneidade e sua plena realização no mundo. É o início do uso de máscaras para parecer algo que os pais estão esperando dela.
Fique claro que não estou falando de permissividade, falta de limites e do emprego do bom e velho “ não” na hora certa! Muito menos que não devemos estar atentos para déficits. O pediatra e os profissionais que rodeiam as crianças são nossos melhores apoios.
As comparações acompanhadas de críticas são as piores. Por exemplo: “ falar cedo é melhor – assim ela pode expressar-se com mais facilidade do que as outras crianças”; “ quanto mais rápido ela andar, mais independente ela vai ficar”; “sair cedo das fraldas deixa a mãe mais tranquila e menos assoberbada”; “quanto mais informação você ofertar a criança mais inteligente ela vai ficar”; etc. Embora, não exista uma verdade absoluta nessas crenças, elas podem se tornar verdade para as crianças e comprometer seu futuro emocional e a forma como elas se enxergam e agem no mundo.
Amar os filhos sem “condicionais” parece ser o primeiro caminho para aceitar as diferenças, os tempos desiguais de amadurecimento de cada um e a possibilidade de serem seres humanos mais felizes e disponíveis para o mundo.
Comparações e rigidez são algo que não pode ser aplicado aos filhos. Manter um processo educativo nesses moldes é perder a oportunidade de ouvir o que o filho tem a dizer de si próprio e a maneira como ele conhece e se coloca no espaço em que vive. É deixar de identificar seus desejos, suas habilidades e potencialidades. Pior de tudo, é uma estratégia pouco funcional dos pais para construir um futuro cidadão, que teoricamente, estaria aberto para desenvolver e expressar suas múltiplas inteligências e afetos.