Tudo tem seu tempo de amadurecimento e tenho certeza que seu filho vai lhe agradecer por voce respeitar o tempo dele.
O tempo vai passar independentemente de você estar conectado no relógio ou não. Vivemos num momento de vida onde se tem hora justa para tudo – hora para ir para a escolinha, hora para as refeições, hora para medico, hora para dentista, hora para o café, hora para brincar, hora para dormir! Ufa! Somos regidos pelos ponteiros do relógio.
Parece que é bem nessas horas “justas” que um filho apresenta uma crise, um ataque de frustração ou um momento delicado. Nesses momentos não vale a pena tentar resgatar emoções com a criança, pois, provavelmente estaremos em outra sintonia.
Certa vez, uma mãe comentou comigo que se sentia muito chateada com um episódio específico que lhe acontecera ao deixar sua filha de 5 anos na escolinha. A criança mal entrou dentro da salinha de aula e de repente teve um ataque de choro requerendo a mãe! Minha cliente olhou para o relógio e viu que já estava atrasada para uma reunião importante de trabalho. Raramente sua filha chorava ou pedia para voltar para casa!
A mãe respirou fundo e contou até dez. Numa fração de segundo lembrou-se do quanto falamos sobre a importância dos pais ajudarem seus filhos a se regularem emocionalmente. Minha cliente percebeu que tinha ainda alguns minutinhos. Recuou, pegou a menininha no colo, tentou acalma-la com frases que ajudasse a criança a falar de seus sentimentos ou receio, do tipo: “Percebo que você está aflita. Seria porque a tia margarida não veio pegá-la na porta? Se é por isso, eu te entendo! O que poderíamos fazer para você se sentir melhor?”
A menininha parou de chorar, mas não conseguia deixar o colinho afetuoso da mãe. A professora veio em direção de minha cliente, percebeu a angustia das duas e tentou fazer o seu melhor. Moral da história: mãe e filha estavam desgostosas e ressentidas. A falta de tempo não favoreceu a conexão entre mãe e filha.
Ás vezes, precisamos assumir que nem sempre conseguimos fazer o que é certo e que temos que trabalhar com os dados de realidade. Teria sido mais produtivo se minha cliente tivesse dito a filha que ela entendia sua angústia, mas que naquele momento não havia possibilidade para novo arranjo e que mais tarde conversariam. O que estou querendo dizer é que nem sempre contemplaremos as necessidades do outro e não é por isso que seremos pessoas inadequadas ou pais inadequados.
Uma saída para minha cliente é ter sempre um momento bom, em casa, para conversar com os filhos e deixá-los expressar livremente os sentimentos e aflições e juntos pensarem em resolução de problemas. Não precisa ser um tempo muito longo, mas um tempo de qualidade. Poderia ser na hora do jantar, na hora do banho, na hora de ir para a cama ou outro que a família achar conveniente. O ideal é não deixar o problema passar em branco como se ele não tivesse ocorrido.
Reservar um tempo de qualidade para conversar com os filhos ajuda a manter a conexão, a comunicação e o sentimento de que todos estão no mesmo time.