Alguns pesquisadores já diziam: se a criança brinca não há problemas graves em seu funcionamento (Winnicott). Vamos além – ao brincar a criança tem o prazer em usar a sua imaginação.
Podemos considerá-la uma criança saudável, mesmo que as vezes, ela tenha um probleminha do tipo xixi na cama, gagueira eventual, um temperamento mais difícil, entre outros.
O brincar mostra que a criança é capaz, em um ambiente razoavelmente bom, desenvolver e expressar seu modo de ser, de exercitar sua humanidade e sentir-se bem vindo ao mundo.
Portanto, brincar é para a criança um rico sinal de saúde, pois, o brincar facilita o crescimento (físico e mental), relacionamentos sociais, a comunicação e a capacidade de compartilhar experiências afetivas. Quando a criança brinca, ela está em verdadeiro trabalho: mental e físico,e, esse brincar sofre mudanças ao longo da vida da criança.
No início, quando bebê, a criança está preocupada em explorar o ambiente, conhecer seu corpinho (onde começa e onde termina – algo semelhante a limite corporal) e continuar seu desenvolvimento orgânico. Ele elabora alguns sentimentos, tais como, a angústia da ausência da mamãe.
E aqui vale a lembrança da brincadeira “ cadê a …, achou!” – é uma forma do bebê lidar com a ausência e presença da figura amorosa da mãe (e/ou figura substituta) e desenvolver uma tranquilidade relativa. Relativa, pois ele é só um bebê. Ele vai desenvolvendo a capacidade de notar que a mãe vai embora, mas no intervalo de um suspiro, ela volta. É o desenrolar do sentimento de segurança e confiabilidade.
Quanto mais a criança avança em seu desenvolvimento, as brincadeiras vão ficando mais ricas e sofisticadas. As crianças vão introduzindo o simbolismo em suas vidas para “encarar situações difíceis e de certa forma, dar um colorido e fantasiá-las. Por exemplo, uma criança que foi ao dentista, pode brincar de odontologista e tratar os dentes das bonecas. Dessa maneira ela deixa o lugar de passiva (sofreu ou ficou aterrorizada em um procedimento) para empreender um lugar ativo – é uma forma de controlar a ansiedade ou de lidar com situações difíceis.
Quando a criança está brincando, ela está treinando para um dia ser adulta. Ela ensaia em ser mãe, casar, ser uma profissional. Ela é capaz de elaborar situações que acontecem em seu cotidiano, em sua vida em família. As vezes ela é a mãe brava com as bonecas, as vezes a professora critica que grita com seus alunos. Por outro lado, pode ser a mãe boazinha do amigo, e, nesse vai e vem ela desenvolve habilidade para entender por que uma pessoa é de uma maneira e outras não. A representação de vários papéis, deixa a criança com um pé na realidade e outro na fantasia.
Vale ressaltar que nem sempre o que elas dizem é fiel a realidade. Durante a brincadeira a criança pode dramatizar que sua mãe é muito má sem necessariamente isto ser real.