Quando atendo um casal, ou um dos pais em separado, a maior parte das vezes escuto, que um dos maiores problemas na educação dos filhos é o de estabelecer limites e disciplina sem parecer ser “careta”.
As dificuldades dos pais, muitas vezes, surgem da culpa e da reação das crianças ao serem interrompidas ou freadas em uma determinada ação e/ou atitude.
Digo a culpa, pois, muitas mães e pais ficam ausentes de casa por longo período do dia, delegando boa parte do tempo das crianças, a atenção de um cuidador ou da escola.
A dificuldade em estabelecer regras/limites ficam diluídas na falta de tempo com os filhos, e, na visão de que um NÃO bem empregado gera profunda decepção no rostinho da criança, que no entender dos pais, já estão longe delas.
O receio de impor limites e o desconforto em dizer não, por parte do casal, dá para a criança a ideia de que “eu sou a Majestade” e não posso ser contrariado ou repreendido.
Nesse momento estamos induzindo a criança a desenvolver a baixa tolerância a frustrações e uma falha em seu processo de desenvolvimento psicoemocional. Ela passa a acreditar que o mundo gira em função de seus desejos e a criar a fantasia de que as pessoas estão a sua disposição para servi-las e conceder-lhes, de qualquer forma, as suas vontades.
Resultado: pais rendidos ao controle onipotente dos filhos, e, crianças autoritárias, impossíveis de lidar, de se submeterem a regras.
Eu sei, que muitos pais, quando jovens sentiram-se sufocados, por uma educação desrespeitosa e pautada na autoridade desmedida, e, não querem, então, que seus filhos tenham uma imagem deles semelhante ao que sentiam por seus próprios pais.
Atrapalhados com a questão de autoridade, acabam por se comportarem com as crianças, de maneira oposta do que viveram, abrindo mão do verdadeiro papel de pais. Papel este que exige orientação e hierarquia. Hierarquia sim, pois, os pais serão sempre a figura de respeito no lar.
Entre pais e filhos não pode existir uma relação simétrica. Pais não dão palpite na vida dos filhos, como podem fazer os amigos ou os colegas. Pais educam, aconselham e auxiliam seus filhos a enxergarem um Norte na vida.
Os pais que não assumem este tipo de conduta (paternidade responsável), não percebem, mas estão de certa forma sendo tão desrespeitosos como foram seus pais. Acabam por obrigar uma criança a escolher ou agir de uma maneira que ainda não está preparada – é uma forma de desrespeito a sua imaturidade e insegurança.
Sem medidas ou parâmetros externos, que lhes imponham limites seguros e verdadeiros, a criança ou o jovem vai ousar cada vez mais, testando seus próprios limites e os limites dos pais.
Nós não podemos garantir o prazer e a felicidade permanente de nossos filhos, e, o NÃO na hora certa desempenha uma função amorosa e protetora.
Pais que chamam para si a educação de seus filhos estão auxiliando a formar cidadãos éticos e responsáveis.