A “fala” dos bebês tem uma função social, e, isto pode ser demonstrado por meio de estudos da Universidade de Cornell, nos EUA, e publicado na renomada revista científica – Developmental Science.
Por meio da “fala” infantil, os bebês atraem suas mães e ambos se integram numa linguagem muito particular. É o início de uma linguagem “simples” (pautada na sonoridade – onda melodiosa) que se tornará mais sofisticada no futuro.
Os bebês são capazes de mudar sua entonação de voz para atraírem seus cuidadores e receberem atenção reciproca. Nesse diálogo adocicado, os adultos vão enfatizando as palavras, dando um significado a elas e de maneira objetiva. É como se houvesse um fala daqui – um fala dali e o aprendizado vai se consolidando!
Quer um exemplo?
“O nenê gostou da bolinha”? “Olha só ela aqui”! ‘Eu a peguei para você”! ‘Pega a bolinha”! ” Eu sei que você adora essa bolinha vermelha”!
O que não se sabia ainda era como um tipo particular de fala incitava um comportamento específico do cuidador.
Para responder as essas perguntas, os pesquisadores gravaram várias vocalizações de 40 bebês com nove meses de idade em conjuntos com suas mães. O objetivo era avaliar como o comportamento dos bebês influenciavam as suas mães (devolutiva sonora).
O estudo foi conduzido seguindo metodologia científica, que no caso, nesse artigo, não será mencionada por ser ampla. O que importa é que a pesquisa foi realizada de maneira lúdica, em um espaço destinado para atender mãe-bebê – do tipo “playroom”. Nesse espaço havia brinquedos específicos para bebês de 9 meses.
O recinto contemplava câmeras, microfones e as sessões eram gravadas para serem estudadas a posteriori.
Os pesquisadores observaram que as mães “entravam” na realidade daquele local, enfocando os objetos que lá estavam e conversando com seus bebês sobre aqueles brinquedos. As mães salientavam os nomes de objetos mais fáceis de serem falados e compreendidos pelo bebê, e, dessa maneira facilitavam o aprendizado infantil.
As mães utilizavam em sua fala uma linguagem simplificada, e, com a modificação da vocalização. Os bebês, por sua vez, atraiam suas mães para manterem uma ‘conversa” prolongada – e assim, a interação social era mantida.
Os autores do estudo também notaram que as mães respondiam com mais frequência as vocalizações do bebê quando elas eram direcionadas a um objeto específico. Essa atitude materna, talvez esteja relacionada ao comportamento do bebê, ou seja, quando o bebê está olhando para algo, ele cria uma oportunidade para a mãe dar prosseguimento a “conversa”.
Dessa maneira, os estudiosos acreditam que a vocalização dos bebês serve para estruturar a interação social e consequentemente, facilitar seu aprendizado da linguagem.
Esse estudo veio demonstrar que a fala infantil não é apenas um treinamento motor para a fala de amanhã, mas sim o início do desenvolvimento da comunicação e da linguagem.
Estimular a fala social do bebê ajuda a aumentar o vocabulário e a expressão da linguagem e o prepara para quando ele for mais velho.
Quanto mais o cuidador estimula a comunicação social, mais habilidades linguísticas o pequeno adquire e desenvolve.