A relação que os pais estabelece com seus filhos influencia no comportamento da criança.
O que estou querendo dizer é que a maneira como nós, pais, nos relacionamos com nossos filhos irá modular o comportamento deles.
Como terapeuta e mãe de duas meninas, não tenho dúvidas de que o caminho que trilhamos junto aos nossos filhos poderão determinar como eles vão se comportar em relação a família, a comunidade e o mundo. Parece até uma frase obvia, sem muito a argumentar, mas que na verdade nem todo pai ou mãe refletem dessa maneira.
Existem uma serie de atividades que podem ser feitas com as crianças para coibir ou estimular um comportamento e essas técnicas são difundidas em consultórios, salas de aula e até pela Super-Nany, os famosos “quadros de incentivos”, adesivos de reforço positivo e até subornos (faça isso que eu te dou aquilo)..
Alguns estudos contestam essa prática. Contudo, o que seria imperativo ou superior as técnicas citadas a cima?
Relacionamento
Pesquisas mais recentes tem jogado luz ao não reforçamento de um comportamento infantil desejado, mas sim no relacionamento de confiança que se estabelece entre pais e filhos. Uma relação pautada na conexão mutua, na confiança e na responsabilidade seriam muito mais significativas. As crianças e adolescentes que se sentem conectados aos seus pais demonstram menos estresse, reduzido risco de suicídio, menor uso de drogas, menos violência no ambiente escolar e social e menores taxas de gravidez prematura e iniciação sexual precoce.
A relação desempenhada entre professor-aluno também pode fazer toda a diferença na resposta da criança ou adolescente em sala de aula. Quando o estudante percebe que o professor confia em seu potencial e reconhece suas habilidades, o resultado acadêmico tende a ser positivo, ocorre menos problemas em sala de aula e aumenta o engajamento familiar com a escola.
Criança são pequenas e são humanas
As crianças não podem ser vistas como objetos que podem ser manejadas de um canto para o outro – controladas ou sob rédeas duras e inflexíveis, Quando não olhamos nossas crianças com respeito e empatia, perdemos a oportunidade de nos beneficiar da espontaneidade e do caráter único que é ser criança.
Educação
Conseguimos enxergar as necessidades das crianças e educa-las com maior competência quando estamos de bem com a gente mesmo.
Alguns pais ou profissionais acreditam que para a criança melhorar um comportamento ela tem que primeiro se sentir mal para depois, com as punições, melhorar o comportamento e, então, se sentir melhor.
O problema é que nenhum de nós faz melhor quando se sente mal. Pelo contrário, fazemos melhor quando percebemos que o outro identifica coisas boas em nós. É como um chefe que vislumbra coisas boas em nossa pessoa. Quando isso acontece, temos a tendência em querer nos superar mais ainda – internamente nos sentimos motivados. O mesmo acontece com os pequenos. Se eles percebem uma conexão positiva com o adulto, a tendência é que os pequenos estejam mais responsivos para receberem boas orientações e, se necessário for, um novo redirecionamento.
Conectar para motivar
Quando realmente sentimos que alguém se importa conosco e que esse alguém é capaz de sentir a nossa alma, imediatamente nosso coração se inunda de um senso especial de valor.
Quando outras pessoas são capazes de identificar bons valores em nossa pessoa, temos a tendência de reconhece-los também. Alguns estudos mostram que estudantes que estabelecem uma boa relação com o professor, mais motivados se tornam esse, mais engajado nas atividades escolares e melhor é seu desempenho acadêmico.
Conexão
As crianças que desenvolvem um apego seguro com seus cuidadores são capazes de desenvolver seu potencial com plenitude e confiança. Esse apego positivo é muito importante para desenvolver a autoestima e a autoconfiança. O apego seguro previne desordens emocionais futuras, tais como, ansiedade, depressão, baixa auto-referência e até mesmo prolongar a vida.
Conexão é uma ferramenta forte para ser cultivada na infância. O senso de pertencimento e aceitação por parte das crianças em relação aos seus cuidadores, desperta nos pequenos bons recursos emocionais e cognitivos e de quebra as ajudam a estabelecer um melhor desempenho na escola e a fazer boas amizades.
Conexão e resiliência
A vida não se resume a um conto de fadas, ou seja, as famílias não vivem magicamente num mundo encantado.
Algumas crianças, contudo, vivem estressores no próprio lar, escola ou comunidade (violência doméstica, bullyng, agressões físicas e emocionais, etc.) com regularidade. Agora imagine uma dessas crianças tendo a oportunidade de ser um expoente na sala de aula, um bom jogador de futebol em campo, um artista em potencial na aula de artes ou música e ter sua “luz” identificada por um professor atencioso e acolhedor.
O acolhimento do professor e sua visão empática, são capazes de mudar a vida da criança – despertando nela o melhor. Quando a criança se sente realmente acolhida, ela consegue resolver melhor suas demandas e seguir em frente – isso é um bom exemplo de resiliência.
Conexão e respeito
Quando nos conectamos com uma criança de maneira respeitosa e acolhedora, estamos modelando comportamentos positivos. Se tratamos com respeito e dignidade os pequenos, nós os estamos convidando a nos tratar da mesma maneira, ou seja, se estabelece a reciprocidade.
Se quisermos ter crianças mentalmente saudáveis, não podemos negar ou desconsiderar a conexão positiva e as emoções!