Qual pai e qual mãe nunca falou essa frase para seus filhos, que cite uma frase de melhor impacto! Parece, que apesar de nosso investimento e preocupação com os filhos, eles, de alguma maneira, não nos escutam como gostaríamos, ou, não qualificam positivamente nossos argumentos.
Lembro-me de ter ouvido algo parecido de meus pais. Será que a surdez temporária na adolescência é um vírus típico dessa fase? Acredito que sim! Pior, se é uma virose, passa!
Eu sei que fazer ouvir nossos filhos adolescentes, não é uma tarefa fácil, como é, para as crianças menores. Os ouvidos desses “seres” parecem que estão entupidos de água, ou, envelopados com filme plástico. Ao ouvido do adolescente, nossa fala mais parece algo do tipo “uon, uon, uon…”
Não são inéditas as minhas palavras, então porque abrir um espaço, aqui, para falar sobre isso?
É uma fase e passa. Entretanto, segundo a organização Mundial da saúde, a adolescência se estendeu e vai até os 24 anos. Isso mesmo, até os 24 anos. Somente a partir dessa data é que o cérebro humano pode ser considerado maduro.
Talvez, uma saída para driblar os percalços, de pais de adolescentes, seja nos colocar no lugar deles, e, lançar mão da empatia. Por empatia entenda, respeitá-los, ter muita paciência e acionar nossa memória passada, pois, um dia nós também já desfrutamos dessa fase. Empatia, não é falta de limites claros e muito menos subserviência aos jovens. Empatia é apenas tentarmos entende-los!
Tenho notado em meus atendimentos com família, que não adianta os pais serem autocráticos e impor apenas regras. É preciso envolver o adolescente nas decisões, deixar que ele participe de acordos firmados em família. É o famoso decidir em conjunto.
Decidir em conjunto atitudes corriqueiras, mas que podem fazer toda diferença na dinâmica familiar: horas de estudo por dia, diversão, cumprimento de atividade extracurricular, atividades domésticas, viagens, entre outras, mas sempre levando em conta a idade do jovem.
Levar em consideração o descumprimento de uma decisão tomada em conjunto. Que consequências vão advir da quebra do “contrato”. Cada família terá sua forma de encarar os dilemas, sempre sob a ótica do diálogo e do bom senso.
Não percam de vista a comunicação não verbal, do tipo, olho no olho, a proximidade afetiva, o abraço amigo e as perguntas rotineiras: tudo bem? Como foi seu dia? Você me parece aborrecido!
Use a tecnologia a seu favor. Envie mensagem, SMS, “whats up”, para lembra-lo de datas importantes, atividades essenciais, dias de prova, aniversários, etc. Vale usar a tecnologia até para pedir ajuda nos afazeres de casa. Qualquer meio de comunicação é uma importante ferramenta para manter contato com o jovem.
Esteja atento para a tendência em “deslizar na maionese” e cair na armadilha de usar a violência: gritos, tapas, xingamentos, ofensas, críticas destrutivas, entre outras. Negatividade afasta pais de filhos, reforça a baixa autoestima e não assegura responsabilidade.
Filhos precisam cooperar com os pais e não tornarem-se subservientes. Cooperação instiga responsabilidade, companheirismo e desenvolvimento de afetos positivos.
Mantenha o vinculo positivo e encare a relação pais-filhos como um investimento para o longo da vida. Estejam abertos para o que der e vier.
Aproveite as manchetes de jornais, revistas ou mídias sociais, para entender o que o seu filho pensa sobre um determinado assunto, sem critica-lo ou desqualifica-lo. Apenas escute e introduza alguma informação diferente. Nesse vai e vem nasce um diálogo muito rico.
Não seja tão duro e não leve a vida a ferro e fogo. É com os pais, que os filhos aprendem a ser resilientes, a desenvolver a flexibilidade. Elogie seu filho pelo seu esforço em buscar algo importante, e, console-o quando necessário. Por último, dê e respeite o espaço de seu filho, mesmo porque, todos nós precisamos de um local para chamar de “seu” e poder respirar com conforto.